Do Estado de Minas
O Nordeste sustentou o crescimento no primeiro trimestre e
ajudou a devolver o Brasil a uma rota de expansão econômica. A região mais
pobre do país, que passa por uma das piores secas da história, parece ter
descoberto a vocação para os serviços e o comércio, deixa de ser exclusivamente
agrícola para se tornar uma economia diversificada e apoiada fortemente no
consumo. Enquanto o país avançou 1,05% no início de 2013 – comparado ao último
trimestre do ano passado e segundo projeções do Banco Central –, a região
cresceu o dobro, 2,05%. O pior desempenho foi o do Centro-Oeste, que obteve uma
taxa de 0,51%.
Esse crescimento do país projetado para o primeiro
trimestre é um alívio para o governo,
que receava ver, mais uma vez, os bilhões de reais gastos em estímulos nos
últimos anos não surtirem efeito. Indicadores de atividade econômica do Banco
Central e de instituições financeiras projetam uma expansão ao redor de 1% para
o período, número que se confirmado indica que o Brasil avançou acima do seu
potencial, uma taxa que se for anualizada supera os 4%.
Esse número, porém, será confirmado na quarta-feira, na
divulgação oficial do Produto Interno Bruto (PIB). Por enquanto, o que se sabe
é que a indústria ainda patina, o setor de serviços e comércio avança e que o
desempenho do início de 2013 foi salvo pelo Nordeste. Com um ritmo tão forte de
expansão e sem que a indústria consiga suprir toda a demanda gerada por esse
crescimento, os preços dispararam – no acumulado de 12 meses a carestia oficial
chegou a 6,49% –, e o país se viu obrigado a aumentar as importações para
equilibrar o custo de vida e atender o consumo. Em comparação com o primeiro
trimestre de 2011, o Brasil ampliou as compras no exterior em 6,33% – foram US$
3,3 bilhões a mais.
Cautela Apesar da expectativa positiva para este início de
2013, parte do mercado prega cautela na avaliação dos números. “Os indicadores
de atividade econômica sugerem que houve uma aceleração no ritmo de crescimento
no primeiro trimestre, mas esta aceleração tem sido aquém do esperado e é alta
a probabilidade de ter sido o ponto máximo do ano”, pondera José Francisco de
Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Ele e outros economistas
observam que os números da indústria têm oscilado bastante, sem chegar a um
ritmo de crescimento mais constante. Essa incerteza no segmento, somada aos
investimentos em ritmo moderado, torna difíceis as previsões para o fim do ano.
No caso do Nordeste, a forte expansão do primeiro trimestre
se explica pela distribuição de renda na região nos últimos anos e pela
migração entre classes sociais, um movimento que tirou parte da população da
miséria e a inseriu no mercado de consumo. Pernambuco, por exemplo, além do
setor de serviços pujante, tem na Região de Suape o que os economistas
convencionaram chamar de “Novo ABC Paulista” em função de fábricas e de
investimentos que têm sido atraídos para o lugar. No primeiro trimestre cresceu
mais que o país, avançou 1,22% contra o último período de 2012. A Bahia também
apresentou bom desempenho, uma taxa de 2,04%.
O desempenho do Sudeste também foi considerado positivo, mas
aquém do que poderia ter sido não fosse o ritmo errático da indústria, um
segmento vital para a região. Segundo os dados do Índice de Atividade Econômica
do Banco Central (IBC-Br), o avanço foi de 0,80%. No geral, os economistas
avaliam que o resultado do PIB do primeiro trimestre foi expressivo e já se
pode dizer que o país voltou a crescer. O Brasil não deve voltar a uma expansão
como a de 2010, quando a variação do PIB foi de 7,5%, mas registrará números
melhores do que o 0,9% do ano passado. A estimativa atual do mercado está em
2,98%. O governo mantém uma previsão melhor, de 3,1% no Banco Central e de 3,5%
no Ministério da Fazenda.
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