Da Agência Senado
O senador Cristovam Buarque
(PDT-DF) defendeu, nesta segunda-feira (13), a federalização da educação básica
como forma de o Brasil dar continuidade ao processo de abolição da escravidão.
Para o senador, a Lei Áurea não libertou os negros de maneira completa, já que
os descendentes dos antigos escravos ainda não têm acesso à educação.
"Não demos o passo da
educação das crianças filhas dos ex-escravos, de seus descendentes e dos pobres
de hoje. Dez milhões de brasileiros são escravos do analfabetismo e uma pessoa
que não sabe ler, no mundo moderno, é escrava da sua incapacidade de saber os
signos e o que eles indicam", disse.
O senador assinalou que a
educação é responsabilidade da União e, por isso, deve ser federalizada. A
proposta sugerida por Cristovam consiste na criação de uma carreira nacional do
magistério com salário pago pelo governo federal.
"Não há mais a possibilidade
de uma lei áurea da educação. Mas a gente sabe o caminho. Para mim, este caminho
é dizer que a educação é responsabilidade da nação brasileira, do povo
brasileiro, da União", afirmou.
Cristovam disse, ainda, que a Lei
do Ventre Livre, que estabeleceu que os filhos de escravos nascidos a partir da
data de sua edição eram livres, ara uma lei incompleta. Ele explicou que o ser
humano só nasce, efetivamente, quando tem uma educação de qualidade.
"Esse é um país das boas
leis incompletas. Nós nos acostumamos com os passozinhos, passozinhos,
passozinhos, sem fazer as verdadeiras mudanças que são necessárias", disse
o senador.
Em aparte, o senador Wellington
Dias (PT-PI) concordou que o Brasil tem uma dívida no que se refere à educação,
mas manifestou a suas dúvidas quanto à viabilidade da federalização, levando em
conta o tamanho do país.
"Eu não sei como seria essa
estrutura federal para a educação. Meu estado, pequeno e com três milhões de
habitantes, tem, aproximadamente, cinco mil escolas", ponderou.
O senador Pedro Taques (PDT-MT)
afirmou que a escravidão no Brasil de hoje consiste não somente na falta de
acesso à educação para alguns brasileiros, mas também na falta de respeito e de
dignidade que sofrem cotidianamente.
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