VIÉS AUTORITÁRIO - Cientistas políticos, analistas e marqueteiros
têm dado os mais variados pitacos sobre a desarrumação sofrida no Governo Dilma
após as manifestações que implodiram das redes sociais para as ruas. O baque de
27% na popularidade da presidente também a deixou tonta e, consequentemente,
desnorteada.
Ninguém faz um diagnóstico real e
verdadeiro, mas arrisco um palpite: falta ao seu governo o incremento da arte
do exercício periódico e permanente da política. Gestão pública não se faz sem
diálogo, sem negociação, sem entendimento.
Dilma comete um tropeço atrás do
outro. Na tese do plebiscito, por exemplo, bem que poderia ter consultado antes
os presidentes do Senado e da Câmara e estes tratados como atores principais e
não coadjuvantes. Resultado: Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, que
souberam da proposta pela mídia, conspiraram até enterrar o plebiscito.
Outro exemplo: ampliar em dois
anos o curso de Medicina sem antes consultar as entidades médicas,
especialmente as universidades mais importantes do País. Reitores reagiram
duramente, informando que, em nenhum momento, foram consultados.
Nos dois casos, portanto, se
tivesse ocorrido mais diálogo, mais conversa, mais humildade por parte do
Governo, a reação certamente teria sido bem diferente. Nos dias atuais,
especialmente em razão da revolução digital, ouvir é requisito básico e
indispensável para tomada de qualquer decisão.
Sem política, sem diálogo, o que
se pode deduzir é que estamos diante de um governo com viés extremamente
autoritário. E a ditadura já foi sepultada há muitos e muitos anos, sem nenhum
risco de retrocesso, felizmente.
ABAIXO A DITADURA! – Para o marqueteiro Marcelo Teixeira, da
Makplan, soa ridículo e tem viés ditatorial a decisão do Governo de obrigar o
médico trabalhar dois anos no SUS como pré-requisito para o diploma. “O Brasil
mudou e só Dilma não entende”, diz Marcelo, para acrescentar: “Há mais de 20
anos não se exige obrigatoriedade para o Serviço Militar. Como é possível impor
regras ditatórias numa área tão complexa como a saúde?”.
JANELA PARA ILEGALIDADE – Marcelo Teixeira acha, ainda, que os
médicos ficarão desprotegidos do ponto de vista legal atuando por dois anos sem
diploma. “No caso de erro médico, ninguém pode ser processado, porque na
prática o exercício da profissão é uma ilegalidade avalizada pelo Governo”,
adverte.
EXERCÍCIO DA CONSPIRAÇÃO – É
a própria base do Governo Dilma que conspira 24 horas pela queda de dois
ministros: Ideli Salvaltti, das Relações Institucionais, e Guido Mantega, da
Fazenda. Senadores e deputados do PT concluem que com Ideli as articulações
entre Governo e Congresso não avançam e Mantega é matéria vencida, não tem mais
força para gerir a economia.
PÉSSIMA COMUNICAÇÃO – As medidas anunciadas, ontem, pela presidente
Dilma, para minimizar a crise nos municípios, como a liberação de R$ 3 bilhões
para o custeio da saúde e da educação, a primeira parcela já em agosto, foram
boas. O problema é que o Governo se comunica mal e a própria Dilma,
diferentemente de Lula, não sabe vender o seu peixe.
CONSTRANGIMENTO – Dilma poderia ter dado um show de bola e não
passar por constrangimentos diante dos prefeitos, porque o pacote total de
ajuda aos municípios representa R$ 15 bilhões. Mas ela tropeça. Ao pedir mais
economia aos prefeitos, um deles gritou da plateia: “Então, dê o exemplo
reduzindo os ministérios”. Precisa dizer mais alguma coisa?
CURTAS
E AQUI?– O Ministério Público do Trabalho na Bahia instaurou
inquérito civil para apurar a morte de um eletricista por uma descarga elétrica
quando trabalhava na construção de um empreendimento imobiliário. No caso do
Recife, o MPT poderia seguir o exemplo com a morte do advogado Davi Santiago em
circunstâncias parecidas por culpa de falta de manutenção da Celpe.
MORTE SÚBITA– Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o
presidente do PPS, Roberto Freire, jogou a toalha, admitindo que não seja mais
possível fazer a fusão do seu partido com o PMN, criando assim a MD –
Mobilidade Democrática. Freire depende do TSE, que ainda não respondeu a uma
consulta sobre a legalidade da fusão.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Dilma resiste às pressões da sua base para
mudar parte do seu Ministério?
'Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.
Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam a
malícia'. (Provérbios 24-1-2)
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