quinta-feira, 11 de julho de 2013

Blog do Magno Martins: coluna da quinta-feira

VIÉS AUTORITÁRIO - Cientistas políticos, analistas e marqueteiros têm dado os mais variados pitacos sobre a desarrumação sofrida no Governo Dilma após as manifestações que implodiram das redes sociais para as ruas. O baque de 27% na popularidade da presidente também a deixou tonta e, consequentemente, desnorteada.

Ninguém faz um diagnóstico real e verdadeiro, mas arrisco um palpite: falta ao seu governo o incremento da arte do exercício periódico e permanente da política. Gestão pública não se faz sem diálogo, sem negociação, sem entendimento.

Dilma comete um tropeço atrás do outro. Na tese do plebiscito, por exemplo, bem que poderia ter consultado antes os presidentes do Senado e da Câmara e estes tratados como atores principais e não coadjuvantes. Resultado: Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, que souberam da proposta pela mídia, conspiraram até enterrar o plebiscito.

Outro exemplo: ampliar em dois anos o curso de Medicina sem antes consultar as entidades médicas, especialmente as universidades mais importantes do País. Reitores reagiram duramente, informando que, em nenhum momento, foram consultados.

Nos dois casos, portanto, se tivesse ocorrido mais diálogo, mais conversa, mais humildade por parte do Governo, a reação certamente teria sido bem diferente. Nos dias atuais, especialmente em razão da revolução digital, ouvir é requisito básico e indispensável para tomada de qualquer decisão.

Sem política, sem diálogo, o que se pode deduzir é que estamos diante de um governo com viés extremamente autoritário. E a ditadura já foi sepultada há muitos e muitos anos, sem nenhum risco de retrocesso, felizmente.

ABAIXO A DITADURA! – Para o marqueteiro Marcelo Teixeira, da Makplan, soa ridículo e tem viés ditatorial a decisão do Governo de obrigar o médico trabalhar dois anos no SUS como pré-requisito para o diploma. “O Brasil mudou e só Dilma não entende”, diz Marcelo, para acrescentar: “Há mais de 20 anos não se exige obrigatoriedade para o Serviço Militar. Como é possível impor regras ditatórias numa área tão complexa como a saúde?”.


JANELA PARA ILEGALIDADE – Marcelo Teixeira acha, ainda, que os médicos ficarão desprotegidos do ponto de vista legal atuando por dois anos sem diploma. “No caso de erro médico, ninguém pode ser processado, porque na prática o exercício da profissão é uma ilegalidade avalizada pelo Governo”, adverte.



EXERCÍCIO DA CONSPIRAÇÃO  – É a própria base do Governo Dilma que conspira 24 horas pela queda de dois ministros: Ideli Salvaltti, das Relações Institucionais, e Guido Mantega, da Fazenda. Senadores e deputados do PT concluem que com Ideli as articulações entre Governo e Congresso não avançam e Mantega é matéria vencida, não tem mais força para gerir a economia.

PÉSSIMA COMUNICAÇÃO – As medidas anunciadas, ontem, pela presidente Dilma, para minimizar a crise nos municípios, como a liberação de R$ 3 bilhões para o custeio da saúde e da educação, a primeira parcela já em agosto, foram boas. O problema é que o Governo se comunica mal e a própria Dilma, diferentemente de Lula, não sabe vender o seu peixe.

CONSTRANGIMENTO – Dilma poderia ter dado um show de bola e não passar por constrangimentos diante dos prefeitos, porque o pacote total de ajuda aos municípios representa R$ 15 bilhões. Mas ela tropeça. Ao pedir mais economia aos prefeitos, um deles gritou da plateia: “Então, dê o exemplo reduzindo os ministérios”. Precisa dizer mais alguma coisa?




CURTAS

E AQUI?– O Ministério Público do Trabalho na Bahia instaurou inquérito civil para apurar a morte de um eletricista por uma descarga elétrica quando trabalhava na construção de um empreendimento imobiliário. No caso do Recife, o MPT poderia seguir o exemplo com a morte do advogado Davi Santiago em circunstâncias parecidas por culpa de falta de manutenção da Celpe.

MORTE SÚBITA– Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o presidente do PPS, Roberto Freire, jogou a toalha, admitindo que não seja mais possível fazer a fusão do seu partido com o PMN, criando assim a MD – Mobilidade Democrática. Freire depende do TSE, que ainda não respondeu a uma consulta sobre a legalidade da fusão.

PERGUNTAR NÃO OFENDE: Dilma resiste às pressões da sua base para mudar parte do seu Ministério?

'Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.

Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam a malícia'. (Provérbios 24-1-2)

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