HONG KONG - Os admiradores de
Bruce Lee, o homem que levou as artes marciais para o cinema e construiu pontes
entre o Oriente e o Ocidente em plena Guerra Fria, se mantêm fiéis, mesmo 40
anos após sua morte. Turistas, fãs de cinema e de artes marciais se costumam se
reunir junto à estátua de bronze de Bruce Lee que enfeita a Avenida das
Estrelas, em frente a um arranha-céu de Hong Kong.
"O monumento honra a memória
de Bruce Lee e os sonhos que tínhamos quando éramos crianças, de um mundo sem
forças malignas, graças aos defensores da justiça", afirma uma página de
fãs de Bruce Lee.
Nascido 27 de novembro de 1940 em
São Francisco, o ator morreu em 20 de julho de 1973, aos 32 anos, vítima de um
edema cerebral. Intérprete de filmes como Fúria oriental e Operação Dragão,
Bruce Lee encontrou sua vocação em um centro de artes marciais.
"Em 1958, Bruce Lee era
aluno do instituto São Francisco Xavier", conta Wong Yiu-keung, presidente
do Clube do Bruce Lee. "Um dia, um homem, que era fã de boxe,
surpreendeu-se ao vê-lo lutar e o convidou para fazer aulas de boxe", conta.
Assim nasceu sua vocação. Pouco depois, ganhou suas primeiras competições e
abriu sua primeira escola de artes marciais nos Estados Unidos, antes de se
transformar em uma lenda viva.
Em razão do 40º aniversário de
sua morte, os seguidores podem seguir os passos do mestre em Hong Kong: suas
casas, suas escolas, ou até mesmo o mosteiro que apareceu no filme Retorno do
Dragão.
Sua filha, Shannon Lee, inaugurou
no sábado passado uma grande exposição no Hong Kong Heritage Museum, que reúne
600 objetos que pertenceram a ele, como livros, cadernos e túnicas. Ela também
organiza as exibições dos filmes de Bruce Lee.
Shannon Lee tinha quatro anos
quando seu pai morreu. "Eu o conheço de uma forma diferente: através das
pessoas que conviviam com ele, seus amigos, minha família, mas também através
de suas próprias palavras porque ele escrevia muito" e anotava todos os
livros que lia, diz a filha.
O primeiro filho de Bruce,
Brandon Lee, seguiu os passos do pai, tanto nas artes marciais, como no cinema.
Brandon morreu em um trágico acidente, aos 28 anos, em 31 de março de 1993,
quando estava filmando o filme O corvo (The crow), após ser baleado por uma
arma que deveria estar carregada com balas de borracha.
Bruce Lee, campeão de kung-fu e
criador da técnica marcial Jeet Kune Do - cujo objetivo é levar a pessoa a
adaptar as técnicas ao seu corpo e à sua habilidade -, tem muitos fãs famosos,
como Jackie Chan, outra figura de destaque das artes marciais e do cinema.
"O sucesso veio graças ao
kung-fu, que é como a dança ou a música: uma linguagem que fala por si
só", diz seu biógrafo, Roger Lo. Os filmes de Bruce Lee "são como os
filmes mudos de Charlie Chaplin: universais", diz ele. "Lee construiu
pontes entre as culturas ocidental e oriental. Cresceu tanto em Hong Kong como
nos Estados Unidos", acrescenta o biógrafo.
Mesmo antes da famosa visita de
1972 do presidente americano Richard Nixon à China de Mao Tsé-Tung, "já se
via via Bruce Lee na TV americana e em cinemas chineses", lembra Roger Lo.
Chaplin Chang, que também é biógrafo de Bruce Lee, é menos gentil em relação ao
famoso lutador, mencionando o seu mau humor em um livro. "As pessoas
querem falar bem dele, mas ele era apenas um homem", ressalta.
Agência France Presse
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