Alan Turing (Foto: AFP) |
O matemático britânico Alan
Turing (1912-1954), recebeu o perdão real 59 anos depois de morrer intoxicado
por cianeto, decorrência de um processo de castração química ao qual foi
condenado pelo Reino Unido em 1952 por ser assumidamente homossexual –o que, à
época, era ilegal.
O perdão foi garantido pela
Prerrogativa Real de Compaixão, depois de um pedido do ministro da Justiça,
Chris Grayling, para quem a atuação de Turing salvou milhares de vidas.
O perdão vale a partir desta
terça-feira (24). “Turing merece ser lembrado e reconhecido pela sua fantástica
contribuição aos esforços de guerra e por seu legado à ciência. Um perdão da
Rainha é um tributo apropriado a esse homem excepcional”, escreveu Grayling, em
nota.
A morte de Turing foi classifica
a época como suicídio, mas estudiosos e biógrafos concluíram que o matemático
faleceu de intoxicação devido aos remédios que tomava para cumprir sua pena.
Turing foi pioneiro em códigos da
computação. Trabalhou no serviço secreto britânico em Bletchley Park, para auxiliar
os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial a desvendar as mensagens cifradas
trocadas entre a marinha alemã. Apesar disso, Turing foi durante sua vida um
grande desconhecido para o grande público, já que seu trabalho foi mantido em
segredo até 1974.
Algumas das contribuições de
Turing para o estudo da criptografia permaneceram secretas por 70 anos e só foram
reveladas em 2012 pelo governo britânico.
Os documentos continham anotações
escritas à mão pelo matemático explicando das aplicações probabilísticas para
cifrar mensagens e uma tese estatística das repetições.
A homossexualidade só foi
descriminalizada no Reino Unido em 1967, mas mesmo assim Turing não foi
perdoado. O indulto já havia sido pedido anteriormente. Em 2012, onze
cientistas britânicos, entre eles Stephen Hawking, solicitaram o perdão real,
mas não foram atendidos.
Em 2009, o então primeiro-ministro
britânico Gordon Brown, pediu desculpas póstumas ao criptógrafo. Ainda assim, o
perdão não saiu.
Em fevereiro de 2011, uma petição
on-line reuniu 23 mil assinaturas para que Turing fosse perdoado. O governo de
David Cameron não concedeu o perdão. Na época, o ministério da Justiça afirmou
que era “inapropriado” perdoar “o que foi devidamente condenado pelo que então
era um delito”.
Do G1
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