PTB apóia Aécio, que faz aliança com Paulo, que é adversário de Armando, que faz coligação com o PT, que teve o apoio petebista retirado. O que quase poderia ser comparado ao poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, na verdade, é o quadro político em Pernambuco, onde três presidenciáveis estão com dois pré-candidatos a governador, em alianças consideradas promíscuas pelo cientista político Túlio Velho Barreto. O especialista conversou com o Blog de Jamildo e comentou como o rompimento entre PTB e PT nacionalmente pode repercutir aqui. Ele acredita que o processo pode ser prejudicado por possíveis constrangimentos e, principalmente, por confusões do eleitor.
Para que as coisas comecem a ficar mais claras, o senador Armando Monteiro Neto, do PTB, está como pré-candidato a governador na chapa majoritária de uma aliança de cinco partidos, incluindo o PT, que leva o deputado federal João Paulo para a disputa ao Senado. A vaga de vice ainda não foi definida, porém deve ficar com o PDT – mas isso é assunto para depois.
No entanto, para a surpresa do Palácio do Planalto, no dia em que a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff (PT) foi lançada oficialmente, o partido de Armando retirou o apoio aos petistas para apoiar o seu principal concorrente nas pesquisas de intenção de voto, Aécio Neves (PSDB). “O ruim para Armando, de certa maneira, é que a contrapartida dada por ele (para o PT sair com o PTB encabeçando a chapa) era dar o apoio nacional. Não conseguiu isso. A questão que fica e que eu não posso responder agora é até que ponto ele se enfraquece perante o PT nessa aliança”, afirmou o cientista político.
Apesar da aliança nacional com os tucanos, os pedetistas pernambucanos não terão que desfazer o palanque. Nem pedir votos para os “rivais” tucanos. Em nota, esclareceram “que os convencionais de Pernambuco estarão presentes na convenção defendendo de forma unânime a manutenção do compromisso anteriormente assumido pelo partido, que é o do irrestrito apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).”
Ao contrário do que havia sido dito, Armando poderá, sim, usar as imagens de Dilma e do ex-presidente Lula (PT) em materiais publicitários e no guia. Os dois também poderão estar, durante a campanha, em Pernambuco com o pedetista. “Não existe verticalização”, explica Túlio Velho Barreto. “O único palanque que pode ser de Dilma em Pernambuco é onde o PT está, embora não esteja encabeçando a chapa”, analisa.
Entretanto, para ele, há dois problemas principais nessa formação: possíveis constrangimentos gerados com críticas feitas aos adversários e a confusão para o eleitor saber quem apóia quem no jogo político. “O maior prejuízo pode ser em relação a uma participação de Dilma Rousseff na campanha. PTB é a cabeça da chapa e está apoiando Aécio. Pode criar constrangimento ela estar aqui defendendo a campanha, fica mais complicado bater duro”, afirma.
O cientista político sugere que uma solução para fortalecer a ideia do apoio ao PT em Pernambuco seria, caso a novela do PDT acabe com final feliz para a Frente Popular, o PTB dar a vice ao partido. Confusão de novo? Calma. Armando havia prometido o cargo ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que, após meses de indefinição e pressões de lideranças locais para os dois lados, decidiu aceitar na manhã dessa quinta-feira. Porém, à noite, recebeu Paulo Câmara (PSB), adversário de Armando nas urnas, e teria voltado atrás.
As confirmações não chegaram para nenhum lado e a expectativa é que sejam divulgadas na segunda-feira (23). Para Túlio Velho Barreto, independentemente da posição tomada, o partido vai marchar dividido entre as correntes do deputado federal Paulo Rubem, pró-PDT, e do presidente estadual do partido, José Queiroz, que, junto com o chefe da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Guilherme Uchoa, manifesta apoio à Frente Popular dos socialistas.
São Paulo e Rio de Janeiro entram completando o troca-troca de apoios. No primeiro, Eduardo Campos (PSB) indicou o deputado federal socialista Márcio França (PSB) como vice do tucano Geraldo Alckmin, candidato a governador. No Rio, o diretório estadual do PT anunciou aliança com o PSB na chapa para o governo do estado, com o atual deputado federal Romário (PSB) como candidato a senador.
Questionado, em Caruaru, nessa sexta-feira (20), se isso não seria paradoxal ao que vem afirmando sobre o fim do ciclo petista, Eduardo respondeu: “Não estamos colocando uma proposta de nova política destruindo o que existe. Tanto eu quanto Marina defendemos governar o Brasil com os melhores.” Deu ponto final ao assunto e disse que o povo não está interessado em discutir a formação de palanques mas os problemas do Brasil.
Blog de Jamildo
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