sábado, 7 de junho de 2014

O mundo segundo Dominguinhos

Filme relembra a trajetória do sanfoneiro através dos
 detalhes que formaram seu universo /Divulgação
Músico pernambucano é narrador e tema do documentário "Dominguinhos", que estreia nesta quinta no Cinema São Luiz

 Uma outra faceta de Dominguinhos, certamente ofuscada pelo principal legado do sanfoneiro, tem tudo para sobreviver na memória do público que for conferir “Dominguinhos”, o filme, que estreia nesta quinta (5) no Recife, no Cinema São Luiz, com sessão seguida de debate aberta ao público, às 19h40. O recorte escolhido pelos idealizadores Mariana Aydar, Duani e Eduardo Nazarian para documentar, pela primeira vez no cinema, a vida e obra do ícone nordestino, foge da narrativa clássica documental. 

Ao invés de explorar depoimentos daqueles que conviveram com o músico, o trio, que contou com a parceria do cineasta Joaquim Castro, optou por um Dominguinhos narrador, que apresenta, em primeira pessoa, o seu universo particular.

De sanfoneiro popular no Nordeste, passando pelas boates cariocas até se autonomear “sanfoneiro pop”, quando tocou na banda de Gal Costa, Dominguinhos transitou por momentos distintos e igualmente ricos da música brasileira, o que mostra o quanto universal e versátil é o seu legado. 

O improviso era outra característica latente do pernambucano nascido em Garanhuns, como ressalta Hermeto Pascoal num dos fonogramas raros do filme, em que os dois tocam juntos: “Quem toca, toca com quem sabe. Quem não sabe, de fato, tem de ensaiar. Chega Dominguinhos, toca com a gente e a gente faz o som. A gente toca sem ensaiar, a gente toca até sem saber”.

Relação de Dominguinhos com Luiz Gonzaga t
ambém é explorada Divulgação
A faceta eclética do sanfoneiro é apenas um dos aspectos aprofundados pelo documentário, que também se dedica a reconstituir a sua infância em Garanhuns a partir de imagens filmadas em Super-8, recurso que funciona não só como registro de memória, mas principalmente do ponto de vista estético, reforçando o ar documental do filme. Os planos fechados da flora sertaneja enfatizam uma geografia peculiar, que se torna essencial para entender a personalidade de Dominguinhos e sua forma de fazer música. O pandeiro como seu primeiro instrumento, a viagem ao Rio de Janeiro, seus dois casamentos e a relação com Luiz Gonzaga também compõem o recorte escolhido pelos diretores. Sobre o Rei do Baião, uma das passagens mais significativas é quando Dominguinhos o desafia para um duelo de xaxado, protagonizado de maneira bem-humorada.

Sustentada inicialmente por imagens raras de arquivos, a montagem evidencia, na segunda parte, os vários parceiros de Dominguinhos, que também ajudam a contar sua história. Entre eles Nana Caymmi, João Donato, Nara Leão, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Lenine e Djavan. Alguns estiveram com Dominguinhos em seus últimos anos de vida, gravando em estúdio especialmente para o documentário.

O filme nada mais é do que um documento histórico, que se confunde com a história da própria música brasileira e no fundo, com um pouco de cada um de nós nordestinos, que temos a música de Dominguinhos como parte de nossa identidade afetiva e cultural.

RECIFE - Após a sessão das 19h40 desta quinta, no Cine São Luiz, haverá debate com a participação do diretor Joaquim Castro, da produtora executiva Deborah Osborn e da pesquisadora Eloá Chouzal, além do músico Nando Cordel, um dos mais frutíferos parceiros de Dominguinhos.

GARANHUNS - No próximo sábado (7), o filme também ganha sessão especial em Garanhuns, com bate-papo com Joaquim Castro e o historiador Antônio Vilela, autor de "Dominguinhos - O Neném de Garanhuns".

COTAÇÃO: Ótimo
Folha de Pernambuco

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