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Filme relembra a trajetória do sanfoneiro através dos
detalhes que formaram seu universo /Divulgação
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Ao invés de
explorar depoimentos daqueles que conviveram com o músico, o trio, que contou
com a parceria do cineasta Joaquim Castro, optou por um Dominguinhos narrador,
que apresenta, em primeira pessoa, o seu universo particular.
De sanfoneiro popular no
Nordeste, passando pelas boates cariocas até se autonomear “sanfoneiro pop”,
quando tocou na banda de Gal Costa, Dominguinhos transitou por momentos
distintos e igualmente ricos da música brasileira, o que mostra o quanto
universal e versátil é o seu legado.
O improviso era outra característica
latente do pernambucano nascido em Garanhuns, como ressalta Hermeto Pascoal num
dos fonogramas raros do filme, em que os dois tocam juntos: “Quem toca, toca
com quem sabe. Quem não sabe, de fato, tem de ensaiar. Chega Dominguinhos, toca
com a gente e a gente faz o som. A gente toca sem ensaiar, a gente toca até sem
saber”.
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Relação de Dominguinhos com Luiz Gonzaga t
ambém é explorada
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A faceta eclética do sanfoneiro é
apenas um dos aspectos aprofundados pelo documentário, que também se dedica a
reconstituir a sua infância em Garanhuns a partir de imagens filmadas em
Super-8, recurso que funciona não só como registro de memória, mas
principalmente do ponto de vista estético, reforçando o ar documental do filme.
Os planos fechados da flora sertaneja enfatizam uma geografia peculiar, que se
torna essencial para entender a personalidade de Dominguinhos e sua forma de
fazer música. O pandeiro como seu primeiro instrumento, a viagem ao Rio de
Janeiro, seus dois casamentos e a relação com Luiz Gonzaga também compõem o
recorte escolhido pelos diretores. Sobre o Rei do Baião, uma das passagens mais
significativas é quando Dominguinhos o desafia para um duelo de xaxado,
protagonizado de maneira bem-humorada.
Sustentada inicialmente por
imagens raras de arquivos, a montagem evidencia, na segunda parte, os vários
parceiros de Dominguinhos, que também ajudam a contar sua história. Entre eles
Nana Caymmi, João Donato, Nara Leão, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Lenine e
Djavan. Alguns estiveram com Dominguinhos em seus últimos anos de vida,
gravando em estúdio especialmente para o documentário.
O filme nada mais é do que um
documento histórico, que se confunde com a história da própria música brasileira
e no fundo, com um pouco de cada um de nós nordestinos, que temos a música de
Dominguinhos como parte de nossa identidade afetiva e cultural.
RECIFE - Após a sessão das 19h40
desta quinta, no Cine São Luiz, haverá debate com a participação do diretor
Joaquim Castro, da produtora executiva Deborah Osborn e da pesquisadora Eloá
Chouzal, além do músico Nando Cordel, um dos mais frutíferos parceiros de
Dominguinhos.
GARANHUNS - No próximo sábado
(7), o filme também ganha sessão especial em Garanhuns, com bate-papo com
Joaquim Castro e o historiador Antônio Vilela, autor de "Dominguinhos - O
Neném de Garanhuns".
COTAÇÃO: Ótimo
Folha de Pernambuco
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