A manutenção da paralisação do
metrô em São Paulo, a possibilidade de uma greve geral, manifestações e a
situação dos estádios deixam membros da FIFA em estado de alerta total e
cartolas já declararam: o Brasil não está pronto e a FIFA jamais poderá
permitir uma nova Copa do Mundo nesta situação.
Oficialmente, o secretário-geral
da FIFA, Jérôme Valcke, garante que "está tudo sob controle". Mas a
reportagem falou com vários dos principais dirigentes da FIFA, sob condição de
anonimato, e os comentários são radicalmente diferentes da versão oficial,
enquanto nos bastidores a entidade exige garantias do governo de que a Copa
poderá ocorrer numa situação ideal.
A FIFA fechou uma estratégia para
abandonar qualquer discurso alarmista sobre a preparação do Brasil, na
esperança de gerar nos torcedores um ambiente de festa e de Copa. Não por
acaso, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, apelou para que o País
apresentasse um "ambiente de samba". Mas o discurso cuidadosamente
montado contrasta com a realidade das reuniões e os comentários dos dirigentes
do futebol mundial.
"Essa situação está
revelando que o Brasil não estava pronto. O que estamos vendo é
inaceitável", disse um membro do Comitê Executivo da FIFA, na condição de
não ter sua identidade revelada. "Teremos de repensar tudo para os
próximos anos. Não se pode dar a Copa a um país que, no fundo, tem outras
prioridades e não tem condições de dar condições mínimas nem de
segurança", insistiu.
Um dirigente europeu também
constatou: "A situação é muito, muito ruim. Sabíamos que as condições não
eram ideais, mas acho que poucos tinham a dimensão dos problemas".
O maior temor hoje é com o
impacto das paralisações e manifestações. Antes mesmo do início da Copa, a FIFA
já sofre com as greve e o trânsito. Durante a semana, membros do comitê
responsável pela venda de ingressos tentaram visitar um dos locais de distribuição.
Mas o engarrafamento impediu até chegada dos cartolas.
A cúpula da FIFA ainda ficou
"assustada" quando, na quinta-feira o Ministério dos Esportes e os
organizadores brasileiros da Copa do Mundo ignoraram as greves e manifestações
ao apresentarem à entidade a situação da preparação do Mundial, faltando menos
de uma semana para o pontapé inicial. "Nenhuma palavra sobre as greves foi
dita", disse um dos vice-presidentes da FIFA.
Depois da reunião, durante uma
entrevista coletiva, Valcke e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, garantiram
que um Plano B existe caso a greve continue, o que permitiria torcedores chegar
ao estádio da abertura no dia 12. Mas não explicaram qual é a alternativa.
Outra preocupação é com os
estádios, principalmente com aqueles que não foram plenamente testados, como o
próprio Itaquerão. "Como é que vamos para uma Copa transmitida ao mundo
inteiro com um estádio que jamais foi testado em sua total capacidade?",
alertou um membro da FIFA da América do Norte. "Em nenhum outro esporte
isso seria permitido e quero saber quem é que será responsável se um acidente
ocorrer."
Agência Estado
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