sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Do blog do Magno Martins: Coluna da sexta-feira

LÁ SE FOI MEU MESTRE! - Na semana passada, em meio à expedição aos santuários eleitorais do Bolsa Família no Nordeste, soube, lamentavelmente, da morte do jornalista Gildson Oliveira. Extremamente ocupado, fiquei devendo esta homenagem ao meu primeiro chefe, no início dos anos 80.

Matuto, vindo de Afogados da Ingazeira, cheguei até Gildson pelas mãos de Meuse Nogueira, que atuava em Economia e que conheci casualmente. A Meuse, perguntei o que era preciso para ser correspondente do Diário de Pernambuco em minha terra natal e ele me sugeriu procurar Gildson.

Na época, já premiado nacionalmente pelas grandes reportagens sobre temáticas nordestinas, como a seca, Gildson editava a página Regional do DP, espaço destinado ao noticiário do Interior. Potiguar de Natal, o velho companheiro aceitou de imediato as minhas colaborações sem vínculo empregatício.

Foi muito sincero. “Aqui, você não vai ganhar nada, mas o DP será a tua universidade”, advertiu. E foi mesmo! Conheci de imediato o companheiro Machado Freire, correspondente do jornal no Sertão. Diferentemente de mim, que estava chegando como colaborador, Freire era funcionário e cobria o Sertão entre Salgueiro e Petrolina.

Fiquei concentrado, inicialmente, em Afogados da Ingazeira, trabalho depois ampliando para o Pajeú, região com 17 municípios. “Nos primeiros textos enviados para Gildson, quase desisto. Ele era extremamente criterioso, profissional de texto impecável.

Mas teve paciência de Jó comigo. Lembro perfeitamente de uma das suas lições para o lead, abertura da matéria. “Imagine você desfiando um boi: tira-se primeiro o couro para se chegar as partes mais saborosas. Depois, vá desfiando parte a parte, cuidadosamente, pacientemente. Assim, se faz um texto”.

Gildson me ensinou tudo, inclusive o que não aprenderia na faculdade. Foi, também, através dele, que tive a oportunidade de fazer a primeira grande jornada pela região da seca, um grande aprendizado. Nunca mais esqueci o grande aprendizado da longa viagem.

Vi, mais tarde, meu mestre ganhar o Esso com a série de reportagens sobre Luiz Gonzaga, que acabou na produção de um belíssimo livro. Além de professor, Gildson foi conselheiro.

Quando estava em dúvida entre aceitar convite do jornal O Globo para correspondente em Fortaleza e aventurar no mercado de Brasília, já formado pela Unicap, com o canudo nas mãos, ele não pensou duas vezes: “Vá embora para Brasília”, aconselhou.

Gildson Oliveira era um jornalista completo: via notícia onde poucos enxergavam. Perfeccionista, escrevia romanceado, texto saboroso. Era um poeta, culto e arejado. Encarava a profissão como um verdadeiro sacerdócio. Sua grande obsessão era sair na frente, furar a concorrência. Dizia que a notícia estava nas ruas e não nas redações refrigeradas.

Por isso, foi um andarilho premiadíssimo, um jornalista que exercia o ofício como se tivesse um fio, ligando as pessoas ao mundo. O jornalismo de Gildson, do qual tirei meu alicerce, esclarecia, não escurecia. Seu trabalho era iluminar as tocas onde se escondem os hipócritas e os mentirosos. Fará muita falta!

REFORMA – O ministro da Fazenda deve sair logo, mas a reforma vai demorar um pouco mais. Os dirigentes dos partidos aliados foram avisados de que a presidente só vai acertar o espaço deles depois da aprovação da LDO. Integrantes da equipe de transição preveem que a reforma será feita em três fases: a da Fazenda, depois as estratégicas (Saúde, Educação, Cidades, Transportes) e, por fim, as pastas da área social e as demais.

CRISE BRABA – A Rede Record, do bispo Edir Macedo, está prestes a cortar 20% do total de seus funcionários. A onda de demissões pode chegar a 800 dos atuais 4,3 mil profissionais da emissora e deve atingir as praças de jornalismo de São Paulo e Rio de Janeiro e os estúdios RecNove, onde são feitas novelas.

AS OBRAS DE LYRA – O governador João Lyra Neto (PSB) deve definir até hoje a agenda de inaugurações que fará até o dia 31 dezembro, quando termina o mandato. 'A prioridade não é inaugurar, é entregar (as obras) à população', disse o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez. Segundo ele, existem várias obras a serem entregues, mas o próprio Lyra teria optado por postergar várias inaugurações.

MANIFESTAÇÕES À VISTA – Os prefeitos em geral – e não apenas do Nordeste – estão sem caixa para pagar o 13º salário. Muitos optaram por demissões em massa na tentativa de assegurar os recursos, mas devem enfrentar manifestações. Servidores contratados temporariamente, os mais atingidos, já se mobilizam e pensam em fechar até rodovias.

OUVINDO SUPLENTES – O senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB) ainda cumpre uma agenda de viagens pelo Interior de agradecimentos a aliados. No Recife, reuniu mais de 70 suplentes de vereador integrantes do movimento “Avança Recife”. Bezerra prometeu promover debates periódicos e engajamento total nas ações definidas pelos suplentes.

CURTAS

NÃO SAI – O prefeito de Caruaru, José Queiroz, já disse que não deseja voltar ao comando do PDT, mas nega que esteja de malas prontas para deixar a legenda, até porque o filho Wolney Queiroz, reeleito deputado federal, tem uma boa relação com a cúpula nacional.

NA CORTE – Já o prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Edson Vieira (PSDB), passou o dia em Brasília, ontem, tentando recursos federais para novos programas no município. Segundo ele, o quadro financeiro da Prefeitura é de dificuldades, mas está assegurado o 13º salário dos servidores.

PERGUNTAR NÃO OFENDE: Quando Dilma vai, enfim, tranquilizar o mercado anunciando a equipe econômica?


'Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti'. (Provérbios 23-1)

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