ENTRE O VETO E O LAVA-JATO -
O senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB) passou recibo, ontem, ao
reclamar formalmente e de público por não ter sido ouvido na composição do
secretariado do governador eleito Paulo Câmara. Ele alimentava expectativas de
indicar o titular da pasta de Desenvolvimento Econômico, que ocupou na gestão
de Eduardo.
Câmara, segundo Fernando relata
na nota que distribuiu com a Imprensa, chegou a conversar com ele e pedir a
sugestão de um nome, mas não cumpriu a outra parte: que o chamaria para o
desfecho, que não ocorreu. Fernando tomou conhecimento da equipe pela Imprensa.
O que houve de fato para Câmara
iniciar a sua gestão atritado com o senador que elegeu? Certamente, algo além
de intrigas, porque não é comum um senador da República ser ignorado na composição
de uma equipe ainda estando com os votos fervendo nas urnas!
Tão logo foi eleito, Fernando
teve seu nome citado numa suposta doação de campanha feita doleiro Alberto
Youssef, principal pivô do maior esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
Isso pode ter levado o governador a ficar cauteloso, temendo o escândalo a
respingar em sua gestão.
Tenha sido este ou não este o
fator decisivo, na verdade, ao alijar o senador eleito do seu governo, Câmara
pode ter dado o pretexto para vê-lo mais breve do que esperava no campo da
oposição. Aliados do governador espalhavam ontem a versão de que Fernando
estaria se reaproximando de Dilma.
A rifada em Fernando provoca,
também, uma crise latente na Frente Popular, com reflexos inicialmente nas
eleições municipais, daqui a dos anos, e mais adiante em 2018, na reeleição de
Paulo Câmara. Mal saiu de uma eleição, Fernando passou a gerar desconfianças de
que deseja disputar o Estado no momento em que começou a se movimentar pelo
Interior.
UNIÃO – Independente da qualificação técnica ou dos arranjos, a
cara do secretariado do governador eleito Paulo Câmara (PSB) reedita a velha
União por Pernambuco, aliança montada para eleger o então governador Jarbas
Vasconcelos. Na verdade, só faltou o representante do DEM. Mas figuras
carimbadas que serviram ao DEM, como André de Paula, macielista de carteirinha,
foram ressuscitadas. E igualmente prestigiadas.
VIRA E MEXE – Nunca um governador mudou tanto na escolha de uma
equipe. Só para o Desenvolvimento Social foram três escolhas. Pela ordem,
Waldemar Borges, Aluízio e Lessa e, por fim, Isaltino Nascimento. Na
Procuradoria, primeiro escolheu Roberto Cavalcanti e depois Antônio Caúlla.
BATE CHAPA – O governador eleito foi orientado a preservar Waldemar
Borges depois de ser informado que a OAB dará um parecer pela
inconstitucionalidade de mais uma reeleição para o presidente da Assembleia,
Guilherme Uchoa (PDT). Mesmo que não retire seu nome, Uchoa será obrigado a
bater chapa com Waldemar.
O MUNDO GIRA! – Era visivel
o riso falso, entre a felicidade geral do secretariado anunciado, ontem, de
Renato Thiebaut, que sai da condição de ex-todo poderoso na gestão de Eduardo
para um mero garoto de recados na era Câmara. A política é uma verdadeira
montanha russa!
NEM UM PIO – Embora tenha agradecido em seu discurso de anúncio do
secretariado a forma como João Lyra conduziu a transição, o governador eleito
Paulo Câmara em nenhum momento ouviu o atual governador sobre secretariado. E,
ao contrário das gestões de Jarbas e Eduardo, deixou Caruaru fora do primeiro
escalão.
CURTAS
PODER – A concentração de poder na gestão de Paulo Câmara será de
um lado pelo grupo de Antônio Figueira, que emplacou seu amigo Thiago Norões em
Desenvolvimento Econômico, e por outro na “República de Surubim”, capitaneada
por Danilo Cabral.
SEM BOQUINHA – A deputada não reeleita Terezinha Nunes fez um
esforço descomunal para emplacar uma secretaria na gestão de Paulo Câmara,
mesmo estando comprometida com a eleição do deputado Daniel Coelho para
prefeito do Recife, em 2016.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Raul Jungmann vai renunciar ao mandato de
vereador para assumir o mandato de federal?
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