CONSTRUÇÃO DO PERFIL POLÍTICO - O Governo de Paulo Câmara gera uma
grande expectativa como toda gestão pública, mas há um diferencial que se
sobrepõe a ele, que é de natureza política. Jovem e fabricado na escola
eduardista, Câmara não tem ainda uma identidade nessa área que possa ser
visível, mesmo com muito esforço.
Por isso mesmo, a pergunta que se
ouve mais entre aliados e adversários é a seguinte: o governador se afirma
politicamente? Eis o grande desafio de Paulo Câmara, que ontem cumpriu mais uma
etapa do processo eleitoral ao ser diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Câmara não é do metier político,
nunca havia disputado uma eleição, viveu pouco ou quase nada de bastidores e
por isso sua caminhada será longa em busca da afirmação. Não se forja um
político da noite para o dia. O próprio Eduardo, mesmo sendo neto de Arraes,
teve que conhecer primeiro o inferno, quando teve seu nome envolvido no
escândalo dos precatórios.
Sua afirmação política se deu
quando transformou o limão do esvaziado Ministério da Ciência e Tecnologia numa
limonada. A partir dali, reconstruiu sua imagem de gestor e se reafirmou
politicamente. Morreu precocemente quando vivia o melhor momento político da
sua carreira.
Diz Maquiavel que o príncipe tem
que ser amado e temido. Eduardo impunha medo aos adversários, aos secretários,
aos aliados e até mesmo aos conselheiros mais próximos. Quando queria seduzir,
era um doce! Quando pisava em seus calos, implacável.
Eduardo aliou à imensa capacidade
gestora ao talento e a arte de fazer política. E reinou absoluto no Estado
porque soube se impor politicamente. Que Paulo Câmara posse se inspirar nele,
para que não comece a gerar desconfianças. Na formação da sua equipe, Câmara
gerou a primeira desconfiança.
Permitiu a criação de grupos em
seu governo, um formado a partir do núcleo da Casa Civil com Antônio Figueira,
outro enraizado na área de planejamento com Danilo Cabral. Isso sem falar na
força do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, que, segundo as paredes do Palácio
do Capibaribe e o rouxinol que canta nos jardins das Princesas, tem forte poder
de influência sobre Câmara.
E isso, se vier a ser comprovado
ao longo da sua gestão, será muito ruim para Câmara e o Estado, porque o
governador eleito vai contrariar uma velha lição do ex-governador Agamenon
Magalhães, que dizia: “Ninguém governa governador”.
Que seja assim com Câmara!
RECUOU – O senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB) não estava
disposto a buscar o seu canudo no ato de diplomação dos eleitos ontem, mas
acabou mudando de opinião depois de um telefonema que recebeu do governador
eleito Paulo Câmara, acenando para o cachimbo da paz. FBC está com uma pulga
atrás da orelha com Câmara depois de não ter sido ouvido na composição do seu
secretariado.
A FORÇA DE QUEIROZ – Apesar da desconfiança dos seus próprios
aliados, o prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), conseguiu, ontem, na
peinha, por apenas um voto de diferença, emplacar a reeleição do seu aliado
Leonardo Chaves (PSD) na presidência da Câmara de Vereadores.
AUTONOMIA DO PROCESSO – O escândalo Petrobras não terá um inquérito
gigante, como o mensalão, nem será enviado ao Congresso um listão de réus. O
ministro do STF Teori Zavascki e o procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot, decidiram que cada político citado, nas delações premiadas, terá um
processo autônomo.
COMO SE DARÁ – O presidente do STF, Teori Zavascki, só pedirá a
abertura de inquérito contra os políticos com mandato eletivo depois que o
Ministério Público enviar o pedido de investigação relacionando nomes, fatos e
imputações criminais. Esta é a praxe no STF e isto foi o combinado com o
procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
REI NA BARRIGA! – O futuro secretário da Fazenda, Marcio Stefanni,
tem um rei na barriga. Nem mesmo assumiu a pasta da Fazenda já escalou um grupo
de aspones para fazer uma barreira com jornalistas. Diferentemente do
governador eleito Paulo Câmara, que é bem acessível, Stefanni só fala se
enviarem a ele as perguntas previamente prontas. É mole?
CURTAS
ESTRADAS – O maior desafio do governador eleito Paulo Câmara, de
imediato, será, retomar as obras paradas no Estado, principalmente estradas,
como a PE-292, que liga o distrito de Albuquerquené, em Sertânia, ao município
de Afogados da Ingazeira.
ROMPIMENTO – A prefeita de Arcoverde, Madalena Brito (sem partido),
diz que não se surpreendeu com o rompimento do seu líder na Câmara, Luciano
Pacheco, porque ao longo da campanha ele já tinha sinalizado engajamento ao
grupo do deputado federal eleito Zeca Cavalcanti, com quem a prefeita rompeu.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Quando Dilma, enfim, vai escolher o restante
do seu Ministério?
'O servo prudente dominará sobre o filho que faz envergonhar; e
repartirá a herança entre os irmãos'. (Provérbios 17-2)
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