Cervantes foi o autor de "Dom Quixote", publicado em 1605 / Pintura: Sinval Fonseca / Reprodução - Internet |
Restos mortais do escritor
espanhol Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote, foram encontrados na cripta
de um convento de Madri, um ano depois do início de sua busca, anunciou nesta
terça-feira a equipe multidisciplinar responsável pela busca.
"À vista de toda a
informação gerada no caso de caráter histórico, arqueológico e antropológico, é
possível considerar que entre os fragmentos da área localizada no solo da
cripta da atual igreja das Trinitárias se encontram alguns pertencentes a
Miguel de Cervantes", disse o antropólogo Francisco Etxeberría,
coordenador da equipe.
"São muitas as coincidências
e não há discrepâncias", completou Etxeberría, que reconheceu que não foi
possível rastrear indícios dos ferimentos sofridos pelo escritor na batalha de
Lepanto.
Na batalha naval de Lepanto, em
que a Santa Liga formada principalmente por Espanha, Veneza e a Santa Sé venceu
os turcos em 1571, Cervantes foi ferido no peito e na mão de esquerda por um
arcabuz.
O ferimento deixou sua mão
esquerda inutilizada e o autor passou a ser chamado de "o manco de
Lepanto".
"Não conseguimos verificar
esta circunstância porque o nível de conservação do osso não permitiu, não
conseguimos descobrir nenhum sintoma de patologia traumática", disse o
antropólogo.
"Todos os membros da equipe
estão convencidos de que temos entre estes fragmentos algo de Cervantes, mas,
no entanto, não posso dizer em termos de certeza absoluta", completou.
"As coincidências e as não
discrepâncias da articulação e dos elementos de caráter histórico,
antropológico e arqueológico nos levam a considerar que ali estaria Cervantes
em termos razoáveis", explicou.
"Não vai acontecer uma
individualização confirmada pela genética", afirmou a arqueóloga Almudena
García Rubio, ao reiterar o que já havia sido antecipado pela equipe no início
da busca, em março do ano passado.
Apesar da boa conservação dos
restos mortais para exames de DNA, a única descendência atual da família de
Cervantes procede de seu irmão Rodrigo.
"E depois de 12 gerações, o
DNA que poderia ter em comum com Cervantes é mínimo", já havia afirmado o
historiador Fernando de Pardo.
Da AFP
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