segunda-feira, 20 de abril de 2015

O legado do Dom da Paz


Ednaldo da Silva: “Dom Helder era uma pessoa amável
Foto:”
Marina Mahmood 
Ideal de dom Helder Camara de assistir a quem precisa permanece

Todas as tardes, sempre às 16h, mendigos e moradores de rua sabem onde encontrar um prato de sopa quente: ao lado da Igreja das Fronteiras, no bairro da Boa Vista, onde funciona o Convento das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo. 

O caldeirão com o alimento que é servido pela irmã Catarina Damasceno há 45 anos é uma herança de dom Helder Camara. O homem de fé, que levou a vida em prol dos necessitados, teve sua trajetória reconhecida ao receber o título de Servo de Deus pela Santa Sé, na Itália, há uma semana. Diante de sua fama de santidade, foi autorizado o pedido para que o “Dom da Paz” seja beatificado e canonizado.

“Dom Helder não podia ver uma pessoa necessitada na rua que ajudava. Tinha sempre um trocado no bolso para dar. Parava para conversar, abraçava, tinha uma palavra de carinho”, conta a irmã Catarina, que mantém o projeto social do Dom da Paz. A distribuição da sopa foi iniciada para atender as pessoas que o procuravam pedindo comida. O alimento é preparado com doações que a religiosa ganha, como também o pão que cada morador de rua recebe diariamente. Ednaldo Pereira da Silva, 60 anos, há dez morando na rua, elogia a iniciativa da religiosa.

“Ela se preocupa com a gente. Nesses dez anos que pego sopa, nunca faltou nada para a gente. Graças ao dom (Helder), a gente não passa fome, pois foi ele que teve a ideia de fazer esse ‘sopão’”, diz. Ednaldo foi uma das inúmeras pessoas a conhecer o Servo de Deus. E dele, o morador de rua carrega boas lembranças. “Era uma pessoa amável. Acolhia a gente. Muitas vezes o toquei, o senti de perto. Uma bondade sem tamanho. Escutava e falava com todo mundo”, declara Ednaldo.

José Francisco, 80, também faz coro com o colega. “Um homenzinho bem baixinho, mas com uma ternura no olhar que ia além da altura dele. No tempo que morava na igreja, ele chamava a gente para comer. Se não fosse ele e a irmã (Catarina), a gente ia passar fome”, afirma.

Folha de Pernambuco

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