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Ednaldo da Silva: “Dom Helder era uma pessoa amável Foto:”Marina Mahmood |
Ideal de dom Helder Camara de assistir a quem precisa
permanece
Todas as tardes, sempre às 16h,
mendigos e moradores de rua sabem onde encontrar um prato de sopa quente: ao
lado da Igreja das Fronteiras, no bairro da Boa Vista, onde funciona o Convento
das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo.
O caldeirão com o alimento que é
servido pela irmã Catarina Damasceno há 45 anos é uma herança de dom Helder
Camara. O homem de fé, que levou a vida em prol dos necessitados, teve sua
trajetória reconhecida ao receber o título de Servo de Deus pela Santa Sé, na
Itália, há uma semana. Diante de sua fama de santidade, foi autorizado o pedido
para que o “Dom da Paz” seja beatificado e canonizado.
“Dom Helder não podia ver uma
pessoa necessitada na rua que ajudava. Tinha sempre um trocado no bolso para
dar. Parava para conversar, abraçava, tinha uma palavra de carinho”, conta a
irmã Catarina, que mantém o projeto social do Dom da Paz. A distribuição da
sopa foi iniciada para atender as pessoas que o procuravam pedindo comida. O
alimento é preparado com doações que a religiosa ganha, como também o pão que
cada morador de rua recebe diariamente. Ednaldo Pereira da Silva, 60 anos, há
dez morando na rua, elogia a iniciativa da religiosa.
“Ela se preocupa com a gente.
Nesses dez anos que pego sopa, nunca faltou nada para a gente. Graças ao dom
(Helder), a gente não passa fome, pois foi ele que teve a ideia de fazer esse
‘sopão’”, diz. Ednaldo foi uma das inúmeras pessoas a conhecer o Servo de Deus.
E dele, o morador de rua carrega boas lembranças. “Era uma pessoa amável.
Acolhia a gente. Muitas vezes o toquei, o senti de perto. Uma bondade sem
tamanho. Escutava e falava com todo mundo”, declara Ednaldo.
José Francisco, 80, também faz
coro com o colega. “Um homenzinho bem baixinho, mas com uma ternura no olhar
que ia além da altura dele. No tempo que morava na igreja, ele chamava a gente
para comer. Se não fosse ele e a irmã (Catarina), a gente ia passar fome”,
afirma.
Folha de Pernambuco

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