O real nunca esteve tão valorização em relação ao dólar. Cálculos da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) com base na taxa real de câmbio mostram que o poder de compra da moeda brasileira praticamente dobrou em relação ao verificado em julho de 1994, início do Plano Real.
Segundo a Funcex, é como se o dólar estivesse 50% mais barato do que naquela época. Ou seja, o brasileiro pode comprar o dobro do que compraria com os mesmos reais. Se for considerado o mês de dezembro de 1998, véspera da liberação do câmbio, o dólar estaria cerca de 40% mais barato.
A taxa real efetiva do dólar é apenas uma das formas usadas para se calcular a relação entre duas moedas. Nesse caso, são consideradas as taxas de câmbio e inflação em 13 países e o peso de cada um nas relações comerciais com o Brasil.
O levantamento mostra que o real está em um patamar recorde de valorização em relação ao dólar no período analisado, que começa em 1985.
Entre os motivos para essa valorização da moeda brasileira está a forte entrada de dólares no país no primeiro trimestre deste ano. Foram US$ 35,6 bilhões, maior valor da série iniciada em 1982 pelo Banco Central. É também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões). A entrada de dinheiro cresceu no início da semana, um dia antes de o governo anunciar novas medidas cambiais.
Outra forma de medir o nível da taxa de câmbio é utilizar a paridade de poder de compra (PPC), que considera uma cesta de produtos em cada um dos países.
É o caso do índice Big Mac, divulgado pela revista "The Economist", que mede o preço do sanduíche nos EUA e Brasil em dólar e mostra um real sobrevalorizado.
O economista Flávio Samara, da consultoria LCA, utiliza também o PPC calculado pelo FMI. Nesse caso, a paridade estava perto do valor negociado no mercado no final de 2010 (R$ 1,66). Para dezembro de 2011, a projeção mostra uma taxa de R$ 1,71.
"Dependendo da metodologia, podemos ter uma leitura diferente. Acreditamos que o real está sobrevalorizado. O valor justo hoje seria mais próximo de R$ 1,70 ou R$ 1,75", diz Samara.
Ele calcula ainda que, se fossem consideradas variáveis como fluxo cambial, preço de commodities e risco país, o dólar poderia cair para patamar de R$ 1,50, o que só não acontece por contas das intervenções e medidas cambiais do governo.
Fonte: Folha.com
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