Da Redação do pe360graus.com
Uma ideia de um aluno do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Camaragibe, na Região Metropolitana, pode ajudar a evitar deslizamentos de barreiras durante o período de chuvas. Ele criou uma calha feita com garrafas pet. O projeto ganhou quatro prêmios na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrasp), realizada pela Universidade de São Paulo, no mês passado.
Foram quase dois anos de pesquisas que levaram o estudante Gabriel Cezar Carneiro dos Santos ao reconhecimento nacional. O estímulo para que o futuro engenheiro transformasse a ideia em realidade veio da escola, que sofria com as chuvas.
“Pelo fato da grande quantidade de chuva que caia da telha e descia na barreira. Com isso, acontecia a queda. Muitas quedas de barreiras ocorreram em 2009 e 2010, a partir desse problema, a gente teve o intuito de criar a calha alternativa. Essa água que caía diretamente na barreira seria direcionada ao reservatório na canaleta”, conta o jovem.
Os detalhes da pesquisa foram examinados com cuidado. Vários tipos de garrafas pet foram testados, até que perceberam que somente as lisas poderiam ser utilizadas. As extremidades das garrafas foram descartadas. As partes que sobraram precisavam ficar unidas umas às outras. Testes com vários materiais mostraram que o uso de rebites seria o mais indicado para garantir a durabilidade da calha.
O objetivo agora é implantar as calhas de garrafas pet nas casas dos moradores antes que comece o período das chuvas. De casa em casa, Gabriel pede as garrafas pet. Depois, é só envolver a comunidade no preparo das calhas. A escola decidiu apoiar a iniciativa e organiza turmas de alunos a passarem pela capacitação.
“Não tinha nenhum tipo de calha e ele veio com a ideia de como a gente poderia amenizar o problema da chuva dentro da sala. Nós colocamos em prática com os alunos, fizemos oficinas e ensinando a utilizar as garrafas pet, Já estamos na segunda etapa, que é de colocação nos municípios”, diz a professora de biologia Raquel Suiene da Fonseca.
Claudeson Otávio Muniz Silva, de 11 anos, que já está aprendendo a fazer as calhas, sabe bem da necessidade de projetos como esse. “Na casa da minha avó tem uma barreira por perto e ela desabou. Depois a gente viu umas pessoas botando sacos plásticos para não desabar mais”, conta.
O projeto de Gabriel trouxe um duplo benefício para a comunidade. Além de recolher as garrafas de refrigerante que estavam jogadas na rua, a proposta é dez vezes mais barata para que o escoamento da água.
Ver uma iniciativa criada dentro da escola refletida em melhorias para a comunidade deixa a orientadora do projeto cheia de orgulho. “Como professora e incentivadora do projeto eu me sinto extremamente realizada, em ver que Gabriel conseguiu chegar tão longe. E ainda não paramos, vamos participar de outras feiras em outros estados”, afirma Raquel.
Na montagem da calha também é usada uma cola que, de acordo com a professora Raquel, é o material mais caro usado no processo todo. Uma campanha de arrecadação está sendo feita na Escola Ministro Jarbas Passarinho para que o projeto tenha continuidade.
DEFESA CIVIL
Segundo a secretária de Defesa Civil de Camaragibe, Kátia Massol, apesar de ser de grande interesse público e alcance social, o poder público ainda não apoiou o projeto. “Além de direcionar a água da telha, direciona também as águas servidas nas calhetas mais próximas. E as calhas também podem ser instaladas no solo, para fazer a microdrenagem”, diz.
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