sexta-feira, 28 de outubro de 2011

INSALUBRIDADE NA SAÚDE EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO II


HÁ 155 ANOS SURGE O PRIMEIRO CASO DE CÓLERA EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE - PARTE 3

Em meados de janeiro de 1856, aparecia o primeiro caso no município, no engenho Cacimbas, alastrando-se, em breve por todo o seu termo, e concentrando a sua fúria na cidade.

Para descrever esse doloroso episódio da vida local, preferimos transcrever o Relatório apresentado, em 21 de abril de 1856, à Assembléia Legislativa, pelo Dr. JOSÉ BENTO DA CUNHA FIGUEIREDO, Presidente da Província:

“Foi o termo de Santo Antão o lugar da Província em que mais furiosa e devastadora se apresentou a epidemia.


“A cidade da Vitória tornou-se o teatro onde se passaram cenas as mais lutuosas. O primeiro lugar do termo invadido foi Cacimbas, cujos habitantes espavoridos refugiaram-se na cidade e noutros lugares, supondo escapar, assim, à influência do flagelo. 

Estes acontecimentos se deram a 16 de janeiro deste ano. A 19, estendeu-se a invasão pelos engenhos Chã de Aldeia e Açude Grande, penetrando igualmente na cidade, e ai desenvolveu o prólogo dessa tragédia, que encheu de luto toda a Comarca. Fiz partir em socorro da cidade, e com alguma antecedência, os facultativos Augusto Carneiro Monteiro da Silva e Hermínio César Coutinho, os quais ali chegam providos dos medicamentos necessários, não havendo ainda receios de que a epidemia chegasse àquele lugar. 

Mas ela imediatamente, repetindo-se casos fatais; e tantas eram as vítimas que as autoridades locais começaram a lutar com sérias dificuldades para o enterramento dos cadáveres, cujo mister se negava a população amedrontada. Preciso foi lançara mão da força pública ali destacada, que quase toda sucumbiu vítima da disciplina, e no desempenho de tão minguada ocupação, cabendo igual sorte à que foi substituí-la: tamanha a violência com que o Cólera havia acometido a cidade da Vitória.

“Aumentando, assim, a epidemia, era mister enviar para ali mais médicos. Não obstante, porém, os repetidos convites a vários facultativos, e haver eu empregado os maiores esforços, foi-me necessário mandar publicar um Edital convidando, sob quaisquer condições, os que quisessem ir. 

Os Drs. JOSÉ JOAQUIM DE MORAIS SARMENTO e INÁCIO FIRMO XAVIER teriam, sem dúvida, seguido para VITÓRIA, se o primeiro não estivesse encarregado principalmente da execução do plano geral médico, de que já falei, e o segundo, de montar o hospital do CARMO, de acudir aos doentes da freguesia da Várzea, e finalmente das funções de secretário interino da Comissão de Higiene, pois que ambos se me ofereceram, quando outros recusavam.

“Entretanto, tendo mandado para o Bonito o cirurgião FRANCISCO JOSÉ RODRIGUES, ordenei-lhe que, em sua passagem pela Vitória, se demorasse até que lá chegasse mais algum médico. Regulava, então, a mortalidade diária entre 20 a 30 pessoas.

“Regressando do Ceará para a Bahia, os acadêmicos ANTÔNIO JOSÉ CAMPELO e DOMINGOS CARLOS SILVA, e sabendo da publicação do Edital, ofereceram-se para ir em comissão, e de fato partiram, no dia seguinte, para a Vitória, levando medicamentos e enfermeiros, e ganhado cada um 50$000 diários, condições que aceitei à vista da dificuldade com que lutava para mandar médicos; 

o que era de tanto maior urgência quanto, por doentes, de lá haviam regressado o Dr. SILVA SANTOS e o estudante HERMÍNIO. Achando-se afetados do mal o vigário, o coadjutor e mais padres daquela cidade, foi necessário enviar da Capital alguns sacerdotes para ministrarem os últimos socorros espirituais aos enfermos.(...)continua...

FONTE: HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO- LIVRO DO PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO


POSTADO POR JOHNNY RETAMERO EM PARCERIA COM MARIA PEREIRA

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