O Globo
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WASHINGTON — Durante a última década, grandes estudos de
coorte (estudos observacionais em que os indivíduos são classificados segundo
graus de exposição a uma doença, para depois se avaliar sua incidência)
relacionaram a reposição hormonal ao aumento do risco de câncer de mama.
Ainda há dúvidas, também, sobre como a terapia com
estrogêneo apenas e a com estrogêneo e progesterona influenciam o
desenvolvimento da doença. Enquanto isso, milhares de pessoas no mundo inteiro
recorrem ao método para aliviar sintomas da menopausa. Um novo estudo, feito
nos Estados Unidos, botou mais lenha na fogueira: sustenta que a terapia só com
estrogêneo pode ajudar a combater o câncer de mama.
Para comparar os efeitos do estrogêneo isoladadamente e
deste hormônio associado à progesterona sobre o risco de câncer de mama, os
pesquisadores Rowan T. Chlebowski, do Instituto de Pesquisa Biomédica de Los
Angeles e Garnet Anderson, do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, em
Washington, observaram dados de dois ensaios clínicos conduzidos pela
Iniciativa de Saúde da Mulher, órgão ligado aos Institutos Nacionais de Saúde.
Um teste avaliou a reposição de estrogêneo e progesterona
em mulheres que estavam na menopausa e tinham útero intacto, e outro analisou a
reposição só com estrogêneo em mulheres que haviam passado por histerectomia
(retirada do útero). A de estrogêneo mais progesterona fez aumentar
significativamente o risco de câncer de mama. Já a de estrogêneo diminuiu esta
probabilidade no grupo que passara por histerectomia.
Os estudos randomizados (em que se compara duas formas de
intervenções clínicas, para tentar minimizar fatores de confusão sobre relações
de causa e efeito) tiveram resultados diferentes dos estudos observacionais,
que sugerem que os dois tipos de terapia hormonal aumentam a probabilidade de a
mulher ter câncer de mama.
Os autores do novo trabalho sugerem que “a falta de
equilíbrio resultante da maior exposição de mulheres que fazem reposição à
mamografias poderia explicar parte do aumento da incidência do câncer de mama
na reposição só com estrogêneo visto em estudos de coorte, porque as populações
mais submetidas a exames de imagem têm mais cânceres detectados do que as que
não são submetidas a eles”.
Enquanto não se chega a um veredito, os autores do estudo
sugerem que, de acordo com evidências clínicas e pré-clínicas “muitos cânceres
de mama em mulheres pós-menopausa só podem sobreviver a uma gama limitada de
exposições ao estrogêneo”.
Esta não foi a primeira vez que pesquisadores afirmaram
que o estrogêneo pode ajudar no tratamento da doença. Em 2009, um estudo
clínico publicado no “Journal of the American Medical Association” e conduzido
pela Escola de Medicina da Universidade de Washington sustentou que baixas
doses de estrogêneo ajudam a tratar algumas formas de câncer de mama.
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