Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O barco de bandeira
brasileira Mar sem Fim naufragou na Antártica neste sábado (7), de acordo com
informações divulgadas pela Marinha. Ninguém ficou ferido. O barco, do
jornalista João Lara Mesquista, afundou na Baía Maxwel, em frente à Base
Chilena Presidente Eduardo Frei Montalva. Os quatro tripulantes, que gravavam
um documentário na região, foram levados para a base chilena antes do
naufrágio. "Pelo Mar sem Fim fizemos o que foi possível", escreveu o
jornalista no diário de bordo que mantém na internet.
Acredita-se que o acúmulo de gelo
comprimiu o barco, levando-o a afundar. De acordo com a Marinha, navios
brasileiros ainda não conseguiram chegar ao local do naufrágio por causa da
grande quantidade de gelo no mar. Com apoio dos chilenos, os militares estão
adotando medidas para evitar danos ambientais.
O Mar sem Fim passou os últimos
três anos baseado em Ushuaia, a cidade argentina mais ao Sul do continente,
ponto de partida para uma série de documentários do jornalista João Lara
Mesquita na Antártica. No dia 9 de março, partiu para a última viagem.
O relato
dessa expedição está publicado no sítio Mar sem Fim, que o jornalista mantém na
internet. Antes de deixar a embarcação, Mesquita descreveu as péssimas
condições climáticas que ele e a tripulação enfrentavam: "Tensão. Frio na
barriga. Sensação de ínfima pequenez diante da poderosa força dos elementos que
nos cercam: frio glacial, ventania, ondas desencontradas, barulhos estranhos e
incomuns".
O barco enfrentou temperaturas
abaixo dos 6 graus Celsius (ºC) negativos e rajadas de vento que ultrapassavam
os 100 quilômetros por hora. "Foi assim durante 48 horas. Só parou nesta
última noite", escreveu o jornalista, antes de ser resgatado.
Já na Base Presidente Eduardo
Frei Montalva, Mesquita previu o destino do Mar sem Fim. Na última postagem,
datada do dia 5 de abril, o jornalista contou que os chilenos, diante da
entrada de ventos fortíssimos na região, já esperavam pelo naufrágio do iate
brasileiro, cuja luta contra a tormenta podia ser acompanhada do continente.
"O comandante [da base] nos contou que há dois dias eles esperavam nosso
naufrágio nas pedras para qualquer momento. Dormiam com as roupas secas ao lado
da cama, enquanto um deles vigiava nossas manobras.
O Mar sem Fim agora luta
sozinho. Hoje, a temperatura desceu para menos 9ºC. O furacão deve entrar esta
noite ou de madrugada. São esperados 80 nós de vento [cerca de 150 quilômetros
por hora]. A temperatura deve cair para menos 14ºC. Nunca torci tanto para uma
previsão estar errada. Este será o dia decisivo para o Mar sem Fim."
Em fevereiro deste ano, um
incêndio destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base militar e de
pesquisa operada pela Marinha Brasileira. Dois militares morreram e um ficou
ferido na tentativa de apagar as chamas na casa de máquinas, onde o incêndio
começou. O governo federal liberou R$ 40 milhões para a reconstrução da base.
Edição: Vinicius Doria
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