Da AFP
gersonkohler.wordpress.com |
O zumbido,
aquele ruído persistente e incômodo nos ouvidos que pode arruinar a vida das
pessoas, pode ser aliviado significativamente com uma nova combinação de
tratamentos, segundo artigo publicado na edição desta sexta-feira (25) da
revista médica The Lancet.
A técnica
usa treinamento psicológico e terapia auditiva em pequenos grupos para reduzir
o incômodo e fazer a mente voltar a se concentrar de forma que não se fixe no
som. Pesquisadores holandeses a testaram em 245 adultos com zumbido, enquanto
outros 247 receberam "cuidados usuais", significando que foram
encaminhados para acompanhamento padrão em uma clínica auditiva.
Após 12
meses, os pacientes do grupo que recebeu cuidados especiais tiveram uma melhora
de 33%, em média, dos problemas causados pelo zumbido, em comparação com um
ganho de 13% no grupo que recebeu "cuidados usuais". O grupo dos
cuidados especializados também viu melhoras significativas na qualidade de vida
e no incômodo, segundo medições feitas a partir de questionários
cientificamente validados.
A pesquisa
foi conduzida por Rilana Cima e Johan Vlaeyen, da Universidade de Maastricht. "Nós
não fazemos nada com relação ao som em si", explicou Cima. "Mesmo que
as pessoas ainda ouçam o som após a intervenção, elas dizem se sentir curadas.
Eu digo aos meus pacientes, 'o zumbido precisa ser como um sapato no seu pé -
tem que ser algo que você sente continuamente se quiser, mas não (sente) se o
neutraliza", acrescentou.
Estima-se
que um quinto dos adultos seja afetado pelo zumbido em algum momento da vida,
mas os tratamentos são caros e não há indícios que demonstrem sua eficácia. Cima
reconheceu que o tratamento parece caro, visto que demanda a ajuda de alguns
especialistas trabalhando em pequenos grupos por longo prazo.
"É
caro, mas fizemos uma longa análise econômica e, de uma perspectiva social, é
apenas um pouco mais caro do que o cuidado usual", afirmou. Em um
comentário, o especialista alemão em zumbidos, Berthold Langguth, da
Universidade de Regensburgo, disse que as técnicas individuais usadas na
pesquisa holandesa não eram novas em si.
O que é
novo, afirmou, foi a forma como os tratamentos foram combinados por uma equipe
multidisciplinar, cujos resultados foram, então, examinados com rigor. Enquanto
não há cura, o experimento foi amplamente benéfico, marcando "o fim do
nihilismo terapêutico" com relação ao zumbido, afirmou.
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