Da BBC Brasil
imagem: f5news.com.br |
Com 12
milhões de pessoas que passam a morar sozinhas a cada ano no mundo, o número de
lares com um único morador (também chamados de unipessoais) já é o maior da
história e tem crescido a um ritmo acelerado, impulsionado principalmente por
países emergentes como o Brasil.
Segundo dados
da consultoria americana Euromonitor, mais de 270 milhões de pessoas, ou quase
4% da população mundial, moravam sozinhas em 2011, um crescimento de 27,6% na
comparação com 2006 e de 77% em relação a 1996. O fenômeno
demográfico – já observado em economias consideradas mais avançadas, como a
Suécia e Noruega, que lideram o ranking – tem sido verificado agora nas nações
emergentes, mas a um ritmo muito mais rápido.
Atualmente,
os países em desenvolvimento respondem por quase metade do lares unipessoais, ou
130,7 milhões de pessoas, contra 107,5 milhões em 2006, um aumento de 21,6%. Os mesmos
dados revelam que mais de 10% dos lares brasileiros já são habitados por um
único ocupante, contra 25% na Rússia e 7% na China. Em 1996, segundo a
Euromonitor, essa taxa era 8% no Brasil, 20% na Rússia e 6% na China.
Segundo
Eric Klinenberg, professor de sociologia da Universidade de Nova York, que
analisou por quase uma década o impacto do crescimento dos domicílios
unipessoais nos Estados Unidos e no mundo, vários fatores explicam o fenômeno,
entre eles o aumento da expectativa de vida, o crescimento no número de
divórcios e a emancipação precoce dos jovens.
"Entretanto,
nada disso seria possível sem a independência financeira. Por isso, não
surpreende que países com altas taxas de crescimento econômico, como o Brasil e
a China, sejam aqueles onde a população vivendo sozinha têm aumentado a um
ritmo superior aos demais", disse Klinenberg à BBC Brasil.
O
sociólogo, que usa o termo singletons para identificar quem mora sozinho,
ressalva que nem sempre a riqueza de uma economia é sinônimo de mais pessoas
vivendo só. "Países árabes, como a Arábia Saudita, por exemplo, não
apresentam taxas semelhantes por razões culturais", disse.
De maneira
geral, entretanto, a prosperidade econômica explica o fenômeno. Prova disso foi
que, com a crise nos Estados Unidos, caiu o número de pessoas morando sozinhas
– jovens, em sua maioria, que, sem dinheiro, optaram por voltar para a casa dos
pais, afirmou o sociólogo.
Ainda
assim, o número de pessoas entre 18 e 34 anos vivendo só no país cresceu de 500
mil, em 1950, para 5 milhões, em 2010, um aumento de 900%. De acordo com
Klinenberg, 28% dos lares americanos são ocupados por apenas uma pessoa. No
total, somam cerca de 30 milhões de pessoas, contra apenas 4 milhões (ou 10%
dos domicílios) em 1950.
Nenhum comentário:
Postar um comentário