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Lesões,
clima tenso, Marcelinho-dependência e até mesmo a inexperiência de Mazola são
apontados como a razão do novo fracasso. Com a melhor campanha do Pernambucano
e jogando por resultados iguais na final, o Sport não foi competente o
suficiente para segurar o Santa Cruz e evitar o segundo vice-campeonato seguido
para o rival. A decepção no dia da fundação do clube já era anunciada por uma
parte da torcida. Apostas erradas, polêmicas e indefinições fizeram parte do
turbulento noticiário rubro-negro durante todo o campeonato.
1 - A permanência de Mazola Júnior
O Sport
apostou na renovação, quando assinou com o jovem treinador que realizou o
feito, considerado quase impossível, de subir o time para a Série A faltando
apenas cinco rodadas para o final da competição. Porém a procura por uma nova
filosofia bateu de frente com a inexperiência de Mazola, que penou muitas vezes
para encontrar o tom certo da sua equipe. Por conta
da inexperiência, faltou jogo de cintura para amenizar crises e evitar que
entrar em confronto público com alguns dos seus jogadores. Por conta das
declarações diretas, ou “frontais” como ele mesmo gosta de chamar, Mazola
acabou declarado guerra à imprensa em diversas ocasiões, causando desgaste e
refletindo até junto à equipe.
A diretoria até tentou tirar o treinador do
comando, mas não conseguiu encontrar o momento ideal, mesmo com a eliminação da
Copa do Brasil diante do Paysandu, na Ilha do Retiro. O próprio presidente
Gustavo Dubeux chegou a declarar que se ele tivesse perdido para o Santa Cruz,
na rodada que fechou a primeira fase, ele seria demitido. Como venceu, o clube
não teve argumento para demitir o técnico que terminou na primeira colocação do
Pernambucano. A queda de Mazola só veio com a perda do título, neste domingo,
com a derrota para o Santa, na Ilha.
2 - Barril de pólvora
A pouca
bagagem de Mazola fez ainda com que ele não tivesse pulso com jogadores mais
experientes, como o meia Marcelinho Paraíba. Nas duas vezes em que foi
substituído na temporada, o atleta esbravejou contra o treinador na frente da
torcida, num ato de insubordinação e desmerecimento ao profissional Mazola
Júnior. O jogador ainda bateu de frente com a diretoria, se negando a entrar em
campo contra o Central, depois de ter recebido uma multa por mais um atraso aos
treinamentos. Chamou a polêmica para Ilha do Retiro após ser pego numa blitz da
Lei Seca. Apesar de tudo isso, a diretoria foi amena, aplicando multas
irrisórias e sem chamadas mais enérgica, dando-o o status de reizinho da Ilha.
O atacante
Jael foi outro que deu trabalho após criticar publicamente o esquema tático do
time, criando um mal estar no clube e pressionando Mazola. O próprio treinador
andou pisando na bola quando citou o volante Naldinho e o lateral Renê como
alguns dos responsáveis pelo fraco rendimento da equipe.
3 - Ataque improdutivo
Quem vê os
48 gols marcados pelo Sport pensa que os atacantes foram eficientes no
Campeonato Pernambucano. Porém, os números não refletem num ataque positivo. O
artilheiro rubro-negro foi o meio-campo Marcelinho Paraíba, com 14 gols, cerca
de 30% do rendimento ofensivo do Leão.
Juntando os
números de Willians, Jael e Jheimy, os três atacantes mais constantes nas
escalações de Mazola Júnior marcaram apenas 13 gols e não conseguem nem superar
os gols marcados por Marcelinho Paraíba. O atacante foi tão improdutivo que,
até na decisão, os gols foram marcados por jogadores da defesa, com Moacir e
Edcarlos, na derrota por 3 a 2 para o Santa.
4 - Variações táticas e improvisações
O atacante Jael justificou a falta de gols
pela disposição tática do Sport, que deixava o centroavante isolado. A crítica
veio de dentro do elenco, mas as reclamações eram gerais sobre a inconstância
tática do time. O Sport começou com o esquema 4-4-2, mas depois de tropeços
para o rebaixado América (0 a 0) e para o Ypiranga (1 a 0), ambos na Ilha do
Retiro, Mazola se viu obrigado a tentar outra alternativa. Assim, ele recorreu
para o 3-5-2, mesmo reconhecendo que não era o seu esquema preferido.
O time
melhorou, mas as frequentes mudanças fizeram alguns jogadores demorarem a se
adaptar. Sem contar que, algumas vezes, Marcelinho Paraíba jogou como atacante,
deixando o meio-campo sem um jogador de criação e Jael isolado no ataque.
5 - A série de lesões
Uma das
maiores queixas de Mazola foi o grande números de lesões. Logo na
pré-temporada, o zagueiro Ailson, jogador de confiança de Mazola para a
temporada, sofreu uma distensão na coxa e ficou grande parte do primeiro
semestre no departamento médico. O centroavante Roberson veio de 2011 machucado
e não conseguiu uma sequência de partidas, pois as dores voltavam a
incomodá-lo.
O grande
destaque do início do Pernambucano, o zagueiro Willian Rocha, rompeu o
ligamento do joelho e perdeu o restante do estadual. O volante Marquinhos
Paraná, contratado para ajudar na criação do meio-campo, pouco jogou e o
atacante Willians teve uma fratura que o tirou da reta final.
6 - Marcelinho-dependência
Marcelinho
Paraíba detonou neste Pernambucano. Artilheiro com 14 gols, dando passes
precisos e chutes calibrados, o meia só não fez chover. O problema é que só ele
estava neste nível. O resto do time não rendeu como o camisa 10, principalmente
no setor ofensivo leonino.
Quando
Marcelinho não estava bem, o time travava, não rendia, o que acarretou no termo
Marcelinho-dependência. Criou-se até a frase "quando Paraíba não joga, o
Sport não entra em campo". Para os adversários, era marcar o veterano que
era meio caminho andado para um bom resultado.
7 - Impaciência da torcida
A
Bombonilha de outros tempos virou à casaca. Os tempos de caldeirão para o
adversário se foram e quem sofreu foi o próprio time rubro-negro. Vaias, gritos
de burro para o treinador e críticas descabidas foram parte do repertório da
torcida, com um detalhe – tudo isso ainda na etapa inicial da cada partida.
Mesmo
quando as vitórias voltaram, a torcida cobrava uma atuação convincente e não
perdoava. Mazola chegou a criticar as vaias em vitórias, mas também chegou a
reconhecer que o time devia uma apresentação de gala diante da torcida. Ela até
veio no primeiro tempo contra o Náutico, quando abriu três gols em apenas 15
minutos, mas no restante da partida, o Leão acabou tomando mais três gols e
venceu por 4 a 3, tomando pressão nos minutos finais.
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