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imagem: pipinhasferreira.blogspot.com |
É o momento
Clarice Lispector. Na última quinta-feira (31), as livrarias dos Estados Unidos
começaram a receber quatro livros ("Perto do Coração Selvagem",
"Água Viva", "A Paixão Segundo G. H." e "Um Sopro de
Vida") da grande escritora traduzidos para o inglês, todos pela editora
New Directions, que já lançou no ano passado "A Hora da Estrela". O
fato repercutiu na imprensa, com o jornal "Los Angeles Times" citando
a frase de um antigo tradutor de Clarice (1920-1977), Gregory Rabassa, que
comparava a autora brasileira a Marlene Dietrich (no traço físico) e a Virginia
Woolf (no traço estilístico).
"A
maneira chocante com que fala dos grandes temas é a característica de sua prosa
que mais desperta atenção do leitor americano", acredita Benjamin Moser,
organizador dos lançamentos e grande divulgador da prosa clariciana entre seus
conterrâneos, especialmente depois de publicada a tradução em inglês de sua
biografia "Clarice", lançada em 2009 pela Cosac Naify. "São
assuntos que, no nosso dia a dia, não temos coragem de enfrentar - a vida, a
morte, o Deus - e que são os grandes temas universais, independentemente de
detalhes superficiais, como a nacionalidade do leitor."
Os quatro
volumes chegam com um delicado projeto gráfico: juntas as capas reproduzem uma
foto de Clarice jovem. E, em um canto, são reproduzidos elogios de
personalidades literárias como Jonathan Franzen ("Uma escritora
verdadeiramente notável"), Orhan Pamuk ("Uma das mais misteriosas
autoras do século 20") e Colm Toíbín ("Um dos gênios ocultos do
século 20"), além de uma citação do jornal "The New York Times"
("A principal escritora latino-americana de prosa do século").
Moser, que
descobriu a escrita de Clarice na universidade, durante um curso sobre
literatura brasileira em que se estudou "A Hora da Estrela",
enriqueceu ainda a nova fornada de volumes com prólogos diversos, como o
assinado por Caetano Veloso para "Perto do Coração Selvagem" e um
surpreendente texto de cineasta Pedro Almodóvar que, ao recusar o convite de
Moser para escrever sobre "Um Sopro de Vida", acaba tecendo vários
elogios à autora.
No Brasil,
os livros de Clarice são um dos bens mais preciosos do catálogo da editora
Rocco, que prepara vários lançamentos a partir do segundo semestre. Em outubro,
por exemplo, deve sair a coletânea "Clarice na Cabeceira -
Jornalismo", que vai reunir textos publicados na imprensa ao longo de
quase quatro décadas. Também a obra infanto-juvenil da escritora vai ganhar
nova edição, com um projeto gráfico reformulado e volumes em capa dura. Os primeiros
serão "A Vida Íntima de Laura", ilustrado por Odilon Moraes, e
"A Mulher Que Matou os Peixes".
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