JC Online por Pedro Romero
imagem: salvadordiario.com |
CARUARU: A
exposição Baixio dos Doidos, que mostra uma releitura contemporânea da obra
Luiz Gonzaga. A releitura não se resume à poesia certeira das músicas, mas
também aborda aspectos inovadores de sua arte, como o uso da onomatopeia -
destacada em Samarica parteira (interpretada pelo percussionista Naná
Vasconcelos) –, e o vanguardismo de Vi dois siris jogando bola (interpretada
por Jorge Du Peixe, da Nação Zumbi).
Os vários
aspectos da arte do Rei do Baião são revelados não apenas pelo som, mas também
por intervenções que despertam todos os sentidos. A viagem começa com a
releitura da música ABC do Sertão. Com seu sotaque paulistano, o músico Arnaldo
Antunes recita palavras do vocabulário nordestino, como vôte, rabichola, peba e
pereba. O cenário para essa mistura são casinhas de sapé, onde os visitantes
podem expiar por buracos nas paredes.
Já a música
Vi dois siris jogando bola é complementada por fotos e vídeos onde meninos
jogando bola na lama se confundem com siris no mangue, formando um cenário
perfeito para a interpretação de Jorge Du Peixe. Os siris de Luiz Gonzaga
ganham versão manguebeat.
No espaço
dedicado a música Respeita Januário, entre outras coisas, está a famosa sanfona
branca feita especialmente para Luiz Gonzaga, que hoje pertence a Dominguinhos
e foi emprestada para a mostra. Trechos
da música são interpretados por Renato Borguetti, Régis Gizavo, Gabriel Rivano
e Daniel Loddo.
Em Xote das
meninas, a voz adolescente de Rhaissa Bittar se mistura com fotos e objetos que
remetem a casamentos. Na música Paraíba, fotos de drag queens servem de
ilustração para a interpretação do cantor Otto. Um dos espaços mais
interessantes é o dedicado à canção A morte do vaqueiro, interpretada por
Dominguinhos. Os visitantes são obrigados a passar por chocalhos pendurados,
dando uma nova sonoridade à música. O som, e o cheiro dos cordões de couro que
sustentam os chocalhos, fazem lembrar uma fazenda e os Sertões de Luiz Gonzaga.
SERVIÇOS
A exposição
pode ser visitada das 16h às 22h, no Polo Cultural da Estação Ferroviária, em
Caruaru, até o dia 15 de julho.
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