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Imagem: Reprodução/Internet |
O Comitê Estadual de
Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) inicia, nos próximos dias, uma
linha inédita de pesquisa na cruzada para conhecer os animais da costa do
Grande Recife e prevenir a ocorrência de ataques. O novo estudo, liderado pela
presidente do Cemit, Rosângela Lessa, professora da Universidade Federal Rural
de Pernambuco (URFPE), consistirá no lançamento no mar de sete bonecos de
salvatagem com chips instalados nos braços para que sejam atacados por tubarões.
O objetivo principal é identificar, pelo tipo da mordida, a espécie envolvida.
Até hoje, dos 59 ataques registrados, apenas em oito se conseguiu definir o
tipo de animal responsável.
Até hoje, a única frente de
pesquisa tocada no Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões na Costa do
Estado de Pernambuco (Protuba) eram as expedições realizadas pelo barco Sinuelo
desde 2004, ano de criação do Cemit. O Sinuelo retoma suas atividades hoje,
após ficar parado desde dezembro do ano passado por conta do atraso na
liberação da verba por parte da Secretaria de Defesa Social (SDS), o que só
ocorreu anteontem.
Os recursos, da ordem de quase R$
1,8 milhão, também serão aplicados na nova pesquisa, pioneira no mundo. O Cemit
vai comprar, nos Estados Unidos ou na Inglaterra, países fabricantes, sete
bonecos que serão utilizados nos testes de modelagem, além das pulseiras
contendo chips para monitorar seus passos. “É uma inovação. Em havendo a
mordida, vai ficar a impressão lá. Vamos ter, a partir do estudo, ter uma noção
exata do número de espécies que participam do processo. Saberemos a espécie que
atacou pela fórmula dentária, espaçamento entre os dentes e tamanho da boca”,
explica Rosângela. O Cemit só identificou a espécie que atacou oito das 59
vítimas de tubarão contabilizadas desde 1992. O cabeça-chata foi responsável
por sete casos e o tigre por um.
A pesquisa também vai
possibilitar uma análise do fluxo dos corpos que, diferentemente do caso da
turista paulista Bruna da Silva Gobbi, morta na última segunda-feira (22), não
são resgatados imediatamente após o ataque e só chegam à praia quando
devolvidos pelo mar. A mesma lógica servirá para os casos de afogamento,
modalidade que este ano matou 55 vezes mais que os tubarões (110 contra dois).
“O cadáver, quando fica no mar,
perdido, só reaparece dias depois, cheio de marcas de outras interações com
vários tipos de animais. Isso dificulta o diagnóstico de causa da morte”, diz
ela, acrescentando que muitas vezes o Cemit não tem sequer acesso ao corpo no
Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central do Recife, e
que isso pode contribuir para uma subnotificação das ocorrências de ataques de
tubarão.
“Não podemos mais esperar que o
corpo seja devolvido pelo mar. Vamos lançar os bonecos de salvatagem para
estudar o comportamento, fazer a validação e passar a ir atrás”, complementou.
Os testes serão realizados nos 30
quilômetros de costa entre Maria Farinha, em Paulista, e o Paiva, no Cabo de
Santo Agostinho, incluindo os pontos mais críticos, em Boa Viagem, no Recife, e
Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. O projeto tem duração de um ano, quando
serão apresentados os resultados.
Jornal do Commercio
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