Um bimotor que transportava R$
504 mil em dinheiro e cerca de cinco quilos de santinhos (impressos) de dois
candidatos às eleições no Tocantins foi apreendido anteontem pela Polícia Civil
de Goiás, durante uma operação de combate ao tráfico de drogas. O piloto tentou
fugir, mas foi impedido pelos agentes. Os impressos têm os nomes de Marcelo
Miranda, ex-governador do Estado que lidera a disputa ao governo no Tocantins,
e do candidato ao cargo de deputado federal Carlos Henrique Gaguim. Ambos são
candidatos pelo PMDB.
A assessoria de Miranda, que
estava em campanha na manhã de ontem, em Araguaína, no interior do Tocantins,
respondeu que o candidato não iria se pronunciar sobre o assunto.
Foram presos Douglas Marcelo
Alencar, de 38 anos, apontado como o líder do grupo; Marco Antônio Jayme Roriz,
de 46 anos, motorista e segurança; Lucas Marinho Araújo, de 24 anos, estagiário
de engenharia e apontado como o laranja do esquema; e o piloto da aeronave
Roberto Carlos Maya Barbosa, de 48 anos.
O delegado responsável pela
operação, Ricardo Chueire, que comanda o Grupo Especial de Repressão a
Narcóticos (Genarc) de Itumbiara, fez o flagrante em Piracanjuba, cidade a
cerca de 85 quilômetros de Goiânia, na suspeita de que os envolvidos estivessem
transportando drogas.
Na tarde de anteontem, equipes do
Genarc de Itumbiara investigavam a ação de traficantes de drogas quando viram
uma caminhonete Toyota Hilux, dirigida por Roriz, chegando a uma pista de pouso
da cidade. Com a aproximação das viaturas, o piloto, que estava com o motor
ligado, “tentou decolar, mas foi perseguido, abordado e impedido pelos
policiais civis”, diz o delegado. O bimotor prefixo PR-GCM seria de um
empresário tocantinense do ramo da construção civil, amigo de Marcelo Miranda.
De acordo com Chueire, foram
encontrados no interior do avião R$ 504 mil em maços ainda com os invólucros da
Caixa Econômica Federal. “Havia também farta quantidade de santinhos”, disse. O
dinheiro teria sido sacado em uma agência de Piracanjuba, cidade que não
constava no plano de voo da aeronave, de acordo com o delegado. O avião
seguiria para a capital, Palmas, com o dinheiro e o material publicitário
apreendido. “Assim que fizemos o flagrante, eles (os presos) confirmaram que o
dinheiro era para a campanha eleitoral (de Miranda), mas na presença do
advogado eles negaram isso”, informou Chueire.
No depoimento, os envolvidos,
menos o piloto, afirmaram que o dinheiro era de um empréstimo feito em
Brasília, usando a conta do estagiário Lucas emprestada. Já a polícia investiga
se o “laranja” do esquema é o estagiário, cuja conta bancária teria sido usada
para movimentar o volume encontrado. A reportagem não conseguiu contato com o
advogado dos presos que foram autuados por lavagem de dinheiro, associação
criminosa e crime tributário.
Pesquisa recente, realizada pela
TV Anhanguera, aponta que Marcelo Miranda tem 48% das intenções de voto no
Tocantins, contra 33% do segundo colocado, Sandoval Cardoso (SDD), sinalizando
chances de vitória no 1.º turno. De acordo com a sondagem, o ex-governador é
rejeitado por 22% do eleitorado.
Miranda, que já foi governador do
Tocantins por dois mandatos, foi cassado em 2009 pelo Tribunal Superior
Eleitoral acusado de, nas eleições de 2006, compra de votos, abuso de poder e
uso indevido dos meios de comunicação, ficando inelegível por oito anos. A
inelegibilidade do candidato ao governo vence no dia 1.º de outubro, às
vésperas da eleição do dia 5.
A Justiça Federal, a pedido do
Ministério Público Federal do Tocantins, decretou a indisponibilidade dos bens
de Miranda esta semana. O motivo é a suspeita de desvio de mais de R$ 20
milhões em supostos esquemas de desvio de verba por meio de uma Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) durante seu mandato, entre 2003 e
2009. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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