O governo da Suíça decidiu dar um
basta aos privilégios dados à Fifa por décadas e, partir de agora, permitirá
que a entidade seja processada por corrupção. A decisão foi anunciada pela
Ministra da Justiça da Suíça, Simonetta Sommaruga, e já está causando um
terremoto dentro da organização máxima do futebol. Na prática, as contas de
Joseph Blatter e de sua "família" poderão ser regularmente
vistoriadas depois que as autoridades locais reconheceram o prejuízo que a Fifa
está causando para a imagem do país.
"As contas dos dirigentes da
Fifa terão o mesmo tratamento dado aos piores ditadores do mundo",
declarou o deputado suíço Roland Buchel, um dos defensores de uma ação mais
radical contra a corrupção na Fifa.
Em junho, um grupo de deputados
tentou passar uma lei no Parlamento estabelecendo uma autorização para que
casos de corrupção em entidades privadas fossem alvo de investigações. Mas,
diante do lobby de bancos e de multinacionais, o projeto foi derrubado, mesmo
com entidades como a Uefa e o Comitê Olímpico Internacional se mostrando
favoráveis.
Agora, por uma determinação
administrativa interna, o governo optou por rever sua postura apenas para as
organizações esportivas internacionais. Mais de 30 entidades esportivas estão
na Suíça há décadas não apenas pela tranquilidade do país, mas sim por conta de
seus acordos tributário e, principalmente, pela lei que impedia que casos de
corrupção privada fossem alvo de processos judiciais.
João Havelange e Ricardo Teixeira
chegaram a ser examinados pelos tribunais há dois anos. Mas o procurador não os
condenou e apesar de encontrar provas da corrupção, apenas estabeleceu que
ambos pagassem uma multa milionária de volta para a Fifa, como forma de
restaurar parte do prejuízo.
Por anos, os privilégios foram
dados às entidades esportivas como forma de atraí-las para o país alpino. Um
estudo do governo chegou a demonstrar, em 2013, que a Suíça ganha cerca de US$
5 bilhões com a presença dessas organizações em seu território.
Agora, o governo estima que
precisa adotar um novo comportamento diante do constrangimento público
internacional que a Fifa passou a ser para a imagem do país.
Em um comunicado, o governo
deixou claro a mudança radical. "A corrupção privada será processada e
reprimida, mesmo que não cause distorções na concorrência pública",
indicou o Ministério da Justiça.
Estadão Conteudo
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