sábado, 13 de agosto de 2011

HÁ 366 ANOS OCORRIA A BATALHA DO MONTE DAS TABOCAS EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


PARTE 5

O COMBATE

No dia 02 de agosto de 1645, o Tenente-Coronel HENDRICK VAN HANS, à frente de um exército composto por cerca de 1.900 soldados regulares, bem armados e municiados, além de negros e índios(entre os quais, os ferozes TAPUAS), chegou ao sítio do COVAS.

O inimigo já havia se retirado. Mas, para não perder a viagem, ele mandou atear fogo em todas as casas do sítio e, logo em seguida, partiu no encalço das tropas pernambucanas. A fumaça do fogo chamou a atenção de uma sentinela avançada dos insurretos, que logo tratou de avisar os patriotas.


A hora do confronto, que vinha sendo adiado há dois meses, se aproximava a passos largos ao som das caixas e trombetas flamengas. Diante do choque iminente, ANTÔNIO DIAS CARDOSO se apressou a distribuir sua gente pelos postos de combate, guarnecendo as emboscadas que ele havia mandado abrir entre os tabocas que cercavam o monte.

Ao mesmo tempo, despachou na direção do inimigo uma pequena força de cobertura, composta de vinte homens, sob o comando do capitão JOÃO NUNES DA MATA, que foi logo batida e dispersada pelo inimigo.

O pipocar dos tiros, disparados nesse primeiro embate, anunciou de imediato o início da batalha. ANTÔNIO DIAS CARDOSO mandou, então, o capitão AGOSTINHO FAGUNDES, com trinta homens, na direção do rio, para deter o passo do inimigo. Após se encontrarem com ele, deram a primeira carga e foram recuando, “Pelejando sempre com a cara ao inimigo até se recolherem às emboscadas”, retirada estratégica que foi feita através de um único acesso que existia no tabocal, suficiente apenas para a passagem de dois homens, lado a lado. Os holandeses atravessaram o rio e, numa larga campina entre o rio e a paliçada de tabocas, tomaram formação de combate.

Em seguida, com um flanco apoiado em cada lado, avançaram em direção à passagem do tabocal. Foram recebidos por mais uma carga desfechada pela vanguarda dos insurretos, mas não se abateram e continuaram avançando.
Incontinenti, o capitão AGOSTINHO FAGUNDES veio novamente ao seu encontro, deu-lhes combate e recuou para as linhas de defesa, atraindo, ainda mais, a soldadesca flamenga para as emboscadas que haviam sido preparadas por ANTÔNIO DIAS CARDOSO.

Este, vendo o avanço inimigo, mandou acionar a primeira emboscada que, comandada pelo capitão JOÃO GOMES DE MELO, disparou um carga de 25 tiros sobre a retaguarda dos flamengos, causando-lhes muitas baixas. A segunda emboscada, de igual valor, sob o comando do capitão JERÔNIMO CUNHA DO AMARAL, foi acionada no centro do dispositivo batavo e também ceifou muitas vidas do inimigo. Porém, ainda não havia sido o suficiente para fazer com que os flamengos pensassem em recuar: pelo contrário, investiram “Com mais ímpeto e fúria” contra as linhas de defesa dos pernambucanos. 

Ao se aproximarem da entrada do tabocal, ANTÔNIO DIAS CARDOSO ordenou o acionamento da terceira e última emboscada sobre a vanguarda inimiga. Sob o comando do capitão JOÃO PAES CABRAL(morto em combate), uma carga de 40 tiros foi disparada contra a testa adversária e foi a que “Lhe fez maior dano, por ter mais gente”. Finalmente, os holandeses se aperceberam que a resistência era bem mais encarniçada dos que eles podiam supor e, entre surpresos e confusos, recuaram para a campina que ficava entre o sopé do monte e o rio. Aproveitaram para tomar fôlego e assimilar os duros golpes que haviam sofrido.

Então, reorganizaram seus batalhões e partiram para o segundo ataque, com o firme propósito de “apoderar-se do posto onde estava o corpo da nossa gente”. Porém, os nossos, escondidos por detrás da paliçada de tabocas, dispararam “cargas à mão e lhes matavam muitos soldados”.

Parte do corpo de batalha conseguiu penetrar na passagem estreita, mas os pernambucanos, sob a direção de DIAS CARDOSO, resistiram por “mais de uma hora tão porfiadamente”, que o inimigo teve que recuar de seu intento, deixando os nossos com a falsa idéia de haviam vencido a batalha.

Contudo, movidos pela teimosia própria dos combatentes, não esmoreceram com os revesese, com o intuito de penetrar ao longo da linha do tabocal.
Após muita luta, as tropas inimigas progrediram e conseguiram introduzir-se em diversos pontos da linha de resistência, isolando e fixando os defensores. As coisas começavam  a se complicar para o exército da restauração.

E pedindo ajuda aos céus, despachou “os negros minas, seus escravos, que tinha em sua guarda, e outros angolas e crioulos, e os mandou para onde a pendência andava travada, prometendo-lhes liberdade se o fizessem como valentes”. 

Com esta resolução, procurava aumentar o número e o fôlego de um exército já combalido, depois de horas e horas de combates encarniçados. Animados com a perspectiva de liberdade, os negros desceram “do alto do monte por duas partes, com arcos e flechas, chuços e facões, todos com seus penachos a seu modo, tocando buzinas e atabaques, com grande alarido e vozes”. E fizeram a diferença, pois mesmo armados de forma rudimentar, com os chamados “meios expeditos de combate”, lançaram-se sobre a vanguarda inimiga que vinha subindo a ladeira do monte. Um corpo-a-corpo, feroz e desordenado, se estabeleceu entre as duas forças conflitantes. Mas, diante do furor dos nossos soldados de plantão e os demais que chegavam por todos os lados, os flamengos tiveram que recuar, morro abaixo, “descendo com mais pressa do que subiram”.

CONTINUA...


FONTE: AS INVASÕES HOLANDESAS-A BATALHA DO MONTE DAS TABOCAS


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POSTADO POR JOHNNY RETAMERO


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