Da Agência Brasil
imagem: funverde.org.br |
O modelo das Parcerias Público Privadas (PPPs) pode
viabilizar a reciclagem de lixo no país, diminuindo gastos para as prefeituras
e gerando oportunidades para empresas. Pela sistemática defendida por
especialistas, como o presidente do Instituo Brasil Ambiente, Sabetai
Calderoni, o modelo de centrais de reciclagem poderia ser implantado na maior
parte do país, até 2014. O prazo é o mesmo estipulado pela Política Nacional de
Resíduos Sólidos para o fim dos lixões.
Com as PPPs, as prefeituras cederiam apenas o terreno
próximo às cidades, onde os resíduos seriam tratados em até 24 horas. As
centrais seriam montadas e administradas pela iniciativa privada.
“Você não vai eliminar totalmente os custos, mas vai
criar uma sistemática de aproveitamento desses materiais e gerar receita,
empregos, benefícios para a saúde publica e o meio ambiente. Se o governo não
consegue se organizar para isso, transfira a questão para o setor privado, se
desonere e crie vantagens para todos”, disse o economista.
A proposta é tratar todo o resíduo em até um dia, com
isso, segundo Calderoni, não existe necessidade de grande distância dos
centros, já que não há exposição da população aos riscos à saúde. “Você
economiza cerca de 90% com transporte, evita poluição com tráfego e acidentes,
e ainda você não paga para alguém receber em aterros e usa uma área pequena”,
declarou.
Nas centrais de reciclagem, o lixo orgânico, que
representa quase 60% do material domiciliar, seria tratado e separado. A
parcela sólida poderia ser aproveitada energeticamente, assim como o lixo de
banheiro (fraldas, absorventes e papel higiênico), ou usada como fertilizante.
A outra metade do lixo orgânico domiciliar, que é composta por água, teria um
tratamento específico.
“Eu estou transportando, hoje, para longe (aterros),
água, a um custo proibitivo, quando eu poderia, em um pátio, fazer com que essa
água escorresse por uma canaleta, e tratasse essa água, sem que virasse chorume
e causasse doenças quando lançadas em poços e rios”.
Calderoni ainda acrescenta que o entulho da construção
civil poderia ser aproveitado em obras públicas. “Nem tudo é ferro e lage. Tem
muita terra, madeira, carpete, móveis. São muitos materiais que podem ser
transformados em energia elétrica, mas, também, na construção de boca de lobo,
mesas e bancos para praças, vigas e colunas para túneis”.
Segundo o economista, com a determinação de extinção dos
lixões até 2014, de acordo com a Política de Resíduos Sólidos, “vamos ter que
recorrer ao aterro, que não pode receber material sem processamento prévio.
Isso vai forçar a implantação de centrais de reciclagem”.
Mas a adesão ao modelo de centrais de reciclagem pode
demorar mais do que o desejado pelo economista. As prefeituras ainda mantém
contratos com aterros sanitários. Esses acordos costumam ter vigência de 15 a
20 anos e, dificilmente, são rompidos.
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