Da Agência Brasil
imagem: paraiba.com.br |
A violência urbana e a falta de qualidade de vida
favorecem o desenvolvimento de transtornos mentais na população, segundo a
coordenadora do Núcleo Epidemiológico da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP), Laura Helena Andrade.
Para a pesquisadora, esses fatores são responsáveis pela
prevalência de problemas como a ansiedade, depressão e uso de drogas em cerca
de 30% dos paulistanos. O dado faz parte de uma pesquisa feita em consórcio com
a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Universidade de Harvard, publicada no
mês passado.
O estudo conseguiu identificar grupos mais vulneráveis a
esses transtornos, como os migrantes que moram nas regiões pobres da cidade.
“As mulheres que vivem nessas regiões mais remotas, que
são chefes de família, têm mais risco de quadros ansiosos e quadros de controle
de impulso”, completou.
“A gente vê que os
homens migrantes que vão para essas regiões têm mais risco de desenvolver
quadros ansiosos, do que os que migram para as regiões com melhor condição”,
ressaltou.
As condições de vida dessa população fazem com que o
Brasil tenha um número maior de afetados, cerca de 10%, do que outros países
que participaram do estudo, além de uma ocorrência maior de casos moderados e
graves. “Em segundo lugar vem os Estados Unidos, com menos de 7%, e em outros
países é menos de 5%”, disse a pesquisadora.
Para Laura Andrade, as doenças são indicativos dos problemas
sociais enfrentados pela população da periferia da capital paulista. “Essas
pessoas que estão vindo para São Paulo, estão vindo para regiões mais
violentas, estão mais expostas à violência. Então, acho que elas precisariam
realmente ter políticas habitacionais. Tem que melhorar a qualidade de vida das
pessoas. Melhorar a escolaridade, o ambiente onde elas vivem”, declarou.
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