A derrota é dolorida, ainda mais por
7×1, lógico. No entanto, pior do que ver os sete gols da Alemanha nesta
terça-feira, no Mineirão, foi ver a passividade brasileira dentro de campo.
Mais parecia que o time que se superou para ganhar de Chile e Colômbia tinha
ido embora da Copa do Mundo antes do tempo. Não que jogar como antes iria
resolver, talvez até perdesse também. Afinal os colombianos não são os alemães.
Marcar James Rodríguez é diferente de tentar anular Müller. Mas ter atitude
para pelo menos marcar faria a derrota de hoje parecer menos dolorida do que
foi.
Ao todo, o Brasil fez quatro
desarmes no jogo contra a Alemanha segundo as estatísticas da Fifa. Mais do que
um número, essa quantidade de desarmes simboliza o quanto a Seleção Brasileira
foi passiva no gramado. Desarmar apenas quatro vezes é inadmissível para
qualquer time que dispute um futebol de alto nível, imaginem para uma equipe
que disputa uma semifinal da Copa do Mundo? É quase um sinônimo de tragédia, e
foi isso o que ocorreu.
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A postura da Seleção Brasileira,
porém, não passa apenas por questões técnicas. A Alemanha tem um elenco
superior ao nosso, mas nunca para fazer 7×1 em condições normais. Outros
fatores atrapalharam: a passividade já citada, o emocional que piorou ainda
mais com o segundo gol alemão e principalmente a falta de estudo do time
alemão, que nem precisou fazer um futebol revolucionário para ganhar a partida.
Mas eles nos estudaram e sabiam como jogaríamos. Ao contrário de Felipão, que
parecia nunca ter visto a Alemanha jogar na vida.
Claro que também não podemos tirar
os méritos da Alemanha. Eles mais do que ninguém merecem elogios da nossa
parte. Futebol é acima de tudo trabalho e humildade para estudar o adversário.
O Brasil não fez isso e pagou caro, muito caro.
Que a derrota sirva de lição para os
brasileiros. O exemplo vem dos nossos adversários, que depois de uma derrota de
3×0 para a Croácia na Copa do Mundo de 98, na França, tiveram o choque de realidade
de que algo não estava certo não só na seleção como no futebol como um todo. A
partir da derrota souberam se reinventar com um modelo que prioriza o talento e
a organização. O melhor reflexo veio no ano passado com a final da Liga dos
Campeões da Europa entre dois times alemães, Bayern e Borussia Dortmund. Se os
clubes crescem, a seleção também. Desde 2002, na Coreia do Sul e Japão, que os
alemães chegam fortes em Copas. Não ganharam nada até hoje, mas estão mais
perto agora. Podem ser tetra na nossa casa. Uma recompensa mais do que justa
para a organização deles.
Que a nossa mudança venha em toda
estrutura do futebol. Precisamos de melhores dirigentes na Confederação
Brasileira de Futebol e não de gestores com o pensamento no passado (talvez na
década de 90, no máximo). Renovar é preciso na ordem diretiva da CBF, mas
também no comportamento da nossa torcida. Ver cenas de violência na Região
Metropolitana do Recife depois de uma derrota no futebol só piora a situação. É
preciso saber perder também.
A torcida fica para que essa geração
de jogadores não fique manchada como perdedora. Estão na história por terem
perdido de 7×1 em casa, isso não mudará nunca, mas não precisam ser
crucificados. Nomes como Neymar, David Luiz, Thiago Silva, Dante, Marcelo, Luiz
Gustavo, Paulinho, Oscar e Willian podem continuar na Seleção. Eles serão a
nossa experiência, dolorida, para os próximos jovens. Estão calejados para as
próximas crises. E torcemos para que eles possam reagir na próxima vez. Rússia
2018 está aí. Faltam quatro anos para o sonho do hexa começar novamente. Que a
passividade de hoje não continue.
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do Torcedor
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