Edilson Rodrigues/Agência Senado |
O ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa não respondeu a uma única pergunta durante o
depoimento à CPI Mista, nesta quarta-feira (17). O executivo, que deveria ter
sido ouvido como investigado, fez uso do direito de não produzir provas contra
ele. Nem ao menos confirmou se fechou um acordo com a justiça para dizer o que
sabe sobre corrupção na Petrobras, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de
recursos ao exterior, em troca de redução de eventuais penas.
O presidente da CPI Mista,
senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) considerou a reunião frustrante e lamentou que
Paulo Roberto Costa tenha concordado em colaborar com a justiça, mas não com a
comissão de inquérito. Segundo Vital, o próximo passo será sensibilizar o
Supremo Tribunal Federal para que seja compartilhada toda a documentação
resultante da delação premiada do ex-funcionário da Petrobras. O encontro com o
presidente do STF, Ricardo Lewandowski, está previsto para a próxima
terça-feira (23), às 18h.
- Se a gente não trouxesse o
Paulo Roberto, seríamos criticados por estarmos sendo omissos. Não admitimos
nenhuma crítica à nossa posição. Nos posicionamos de forma muito presente e
determinada em trazer aqui aquele que poderia colaborar com a CPI. Só que ele
utilizou uma garantia constitucional, que todo acusado tem, de não produzir
provas contra si - resumiu Vital do Rêgo.
O relator da comissão, deputado
Marco Maia (PT-RS), esperava que Paulo Roberto Costa pudesse colaborar e
considerou lamentável a opção pelo silêncio, inclusive em questões não
relacionadas à delação premiada.
- De qualquer forma, vamos
continuar o trabalho. Temos muita informação. Todos os dias chegam novos
documentos e nós vamos continuar trabalhando. Não descarto que o Paulo Roberto
Costa, depois que nós tenhamos as informações da delação premiada, retorne a
esta CPI para tratar sobre os temas da delação - informou.
Palanque político
Diante do silêncio de Paulo
Roberto Costa, a reunião da CPI Mista da Petrobras se transformou em um ringue
verbal entre oposição e bancada governista. O deputado Antônio Imbassahy
(PSDB-BA) disse que a presidente Dilma Rousseff foi um fracasso como presidente
do Conselho de Administração da Petrobras, função que ela ocupou durante o
governo Lula.
- A presidente Dilma fracassou ao
dirigir a Petrobras e, com isso, também demonstrou a sua incapacidade para
presidir o Brasil. O que nós queremos é uma mudança na conduta e ética na
política brasileira - atacou.
Em resposta, o deputado Afonso
Florence (PT-BA), afirmou que o Partido dos Trabalhadores e o governo federal
têm todo interesse que todos os fatos sejam investigados, perguntas feitas e
documentos analisados.
- Nós não temos dúvida de que o
resultado das investigações demonstrará a isenção na condução da Petrobras no
período do governo Lula e no período do Governo Dilma, diferentemente do que
ocorreu no governo anterior, quando o procurador-geral da República ficou
notoriamente conhecido como "engavetador geral da República" - disse
Florence.
O líder do PMDB na Câmara,
Eduardo Cunha (RJ) assegurou que o partido queria que Paulo Roberto confirmasse
ou desmentisse o suposto envolvimento de parlamentares em corrupção na
Petrobras. Segundo reportagem da revista Isto É desta semana, o deputado do PMDB
estaria nessa relação.
- O PMDB não tem medo de ninguém,
nem de A nem de B nem de C. Eu não acredito naquela revista [Isto É]. Ela não
tem credibilidade, eu não tenho nada a temer, não devo nada. Não acredito que
meu nome foi citado por Paulo Roberto Costa na delação premiada - disparou
Cunha.
Contadora
O próximo depoimento à CPI Mista
da Petrobras deve ser o da ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza.
A convocação dela foi aprovada nesta quarta-feira, assim como a solicitação da
cópia de todos os depoimentos prestados por ela ao Ministério Público e à
Polícia Federal.
Em agosto, ela esteve no Conselho
de Ética da Câmara, onde disse que o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) recebeu
dinheiro do doleiro e que os dois mantinham “negócios ilícitos”. Em 3 de junho,
a CPI Mista aprovou mais de 200 requerimentos, entre eles o da convocação do
doleiro Youssef. O depoimento dele, no entanto, não foi marcado ainda.
Agência Senado
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