GESTO
DE ESTADISTA
A
decisão do governador Paulo Câmara (PSB), de criar um grupo de trabalho para
rever o contrato de manutenção da Arena Pernambuco em parceria com a Odebrecht,
foi acertada e corajosa. Estado pobre não se pode dar ao luxo de torrar R$ 90
milhões por ano para manter um verdadeiro elefante branco, herança maldita da
Copa do Mundo no Brasil em 2014.
“Foi
uma atitude equilibrada, em defesa de Pernambuco. Foi, mais do que isso, um
gesto corajoso e digno de estadista”, interpreta o marqueteiro Marcelo
Teixeira, da Makplan. A coragem, segundo ele, se dá sobretudo, do ponto de
vista político, pela empresa responsável pela PPP (Parceria Público Privada), a
Odebrecht, está envolvida até o talo na operação Lava Jato, atingindo políticos
pernambucanos.
Teixeira
diz que é preciso ter elevado espírito público para meter a mão na cumbuca e
suspender todos os contratos e pagamentos, além de não escriturar os 192
hectares próximos à Arena, que o ex-governador Eduardo Campos prometeu doar a
Odebrecht para construção de edifícios residenciais e comerciais sem a empresa
pagar um só tostão ao Estado.
“Isso
é o que se chama de preservação do interesse público. Temos também que
reconhecer que o ex-governador João Lyra Neto, mesmo pressionado, não assinou a
escritura de doação”, acrescenta o marqueteiro, lembrando que o governador
Paulo Câmara sabe que, hoje, a CEF nem qualquer outra instituição financia nada
para Odebrecht.
Teixeira
adverte que o Estado, ao passar a escritura, só vai contribuir para engordar
mais ainda o patrimônio da empreiteira. “É assim, com decisões corajosas e
equilibradas, que um governante pavimenta o caminho para uma grande
administração”, afirma.
PRECEDENTE– Raul Jungmann (PPS) garante que se
não tivesse encontrado respaldo na lei não teria assumido o mandato de deputado
federal, porque a decisão implicaria, num primeiro momento, em renunciar ao
mandato de vereador do Recife. Um dos precedentes que garantiram o seu recurso
foi o do ministro dos Transportes, Antônio Carlos, que, vereador de São Paulo,
assumiu como suplente a vaga de Marta Suplicy no Senado, sem ser obrigado a
renunciar ao mandato de vereador.
BANHO DE CUIA – A população do Recife deve se
preparar para um duro racionamento de água, segundo previu, ontem, o presidente
da Compesa, Roberto Tavares, que teve encontro com o governador no início da
noite. O racionamento, segundo ele, já é uma realidade em diversas áreas da
Zona Norte da RMR, uma vez que o Sistema Botafogo – responsável pelo
abastecimento dos municípios de Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima –
está com apenas 16% da sua capacidade de armazenamento.
EXEMPLO CEARENSE – Responsável pela convocação de
uma audiência pública sobre a seca, o deputado Miguel Coelho (PSB) diz que
Pernambuco, que tem hoje o menor índice de reservas hídricas do Nordeste,
deveria se espelhar no Ceará. “Lá, existe água acumulada nos reservatórios para
a travessia de uma seca de até dois anos”, destacou.
VASSOURADA NA
TRANSPOSIÇÃO – A
Construtora Mendes Júnior demitiu cerca de 2,5 mil funcionários que trabalhavam
nas obras da Transposição do São Francisco. A empresa estaria com dificuldades
para receber repasses do Governo Federal em função de ser uma das empreiteiras
investigadas pela operação Lava Jato da Polícia Federal que investiga denúncias
de desvios e corrupção na Petrobras. A maioria atuava no canteiro de Salgueiro.
DILÚVIO SERTANEJO– Enquanto na Região Metropolitana a
Compesa se prepara para montar um programa emergencial de racionamento de água,
em Serra Talhada, a 430 km do Recife, o prefeito Luciano Duque (PT) conclui
levantamento dos prejuízos causados por uma tromba d água que, em meia hora,
resultou em 75 mm de chuvas torrenciais, destruindo casas e deixando famílias
desabrigadas.
CURTAS
COMISSÃO– Em Brasília, o deputado Zeca
Cavalcanti (PTB) apresentou requerimento propondo a criação de uma comissão
parlamentar para acompanhar as ações do Governo Federal de combate à seca. “Há
45% de chance da quadra chuvosa ser abaixo da média no Nordeste”, observa.
PRESTÍGIO– Na homenagem que recebeu ontem em
Brasília, tendo o seu nome no novo prédio da CNI, o ministro Armando Monteiro
Neto, do Desenvolvimento, mostrou quanto é prestigiado, tendo atraído para o
evento até o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Sai hoje mesmo a relação dos
políticos envolvidos na operação Lava Jato?
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