quinta-feira, 26 de março de 2015

Almoço Grátis

Imagem do Google
Como em todo caso de corrupção, não há vítimas: corruptos e corruptores são todos culpados. Quem compra e quem se vende se iguala na indignidade. É o caso dos envolvidos no escândalo do Petrolão.

São igualmente desprezíveis os executivos da Petrobras que operavam fraudes e desvios, os partidos que os indicavam, e os empreiteiros que superfaturavam contratos, multiplicavam seus lucros e pagavam propina ao PT, PP e PMDB em forma de doações de campanha.

Estão todos no mesmo saco de gatos, ou melhor, de gatunos, e deverão responder na Justiça na medida de seus crimes.
O delator Paulo Roberto Costa resumiu, em uma frase, como funciona o submundo da corrupção:

“Não existe almoço grátis”, uma referência ao economista americano Milton Friedman, para quem, tudo tem o seu preço.

Segundo o ex-diretor da Petrobras, não se indica alguém para um cargo político sem querer nada em troca.
“Se um político indica fulano para ser ministro dos Transportes é porque tem interesse depois que alguma coisa reverta para o partido” Afirmou o delator.

Para Costa, na Petrobras, não existia possibilidade de um diretor ocupar uma diretoria se não tivesse respaldo político . “Você podia ser um técnico brilhante”, revelou, “mas, você vai morrer ali”.
Sem mais nada a perder, o delator do Petrolão descortinou o Brasil real. O país dos QI's – os Que Indicam. Padrinhos e seus afilhados: a presidente que nomeiam advogado do PT Ministro do Supremo, a filha de ministro que vira desembargadora graças ao “pedigree”, o governador que cria secretaria para abrigar filha desempregada...

É como se o Estado fosse deles, como se eles tivessem o direito legítimo de dispor do público como se privado fosse. E às favas com os princípios da moralidade e impessoalidade!

Vivemos a mais profunda crise de valores. O avesso do avesso! Avesso do bom senso, da honra, da ética, da vergonha na cara...

Lá no serviço público, de meras repartições à Cortes e ministérios, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, o mérito é apenas um detalhe dispensável.

Depois de 17 anos como servidora pública concursada, sem QI, nem “pistolão”, aprendi que funcionário é como um livro numa estante. Os mais úteis estão sempre nas prateleiras mais baixas.

BLOG DA RAQUEL SHERAZADE 

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