SEM O PODER DA CANETA
Diante
da pior aprovação de seu Governo, Dilma passa ao País a impressão de que não
vai conseguir superar o quadro de adversidade. Há quem diga que o ponto central
de seu desgaste é o fato de ser uma presidente sem poder. A manifestação de
poder de um governante se expressa na maneira como negocia com os diversos
setores e consegue implementar suas determinações.
Para
isso, não basta apenas o poder da caneta. O governante precisa ter debaixo de
si uma estrutura que permita controlar o enorme cipoal burocrático do governo,
um Ministério proativo que ajude a filtrar as demandas e se responsabilize pela
implementação de medidas e pelos resultados da sua pasta.
Com
muito mais condições que o presidente é o ministro proativo que tem a
temperatura do setor, controle sobre sua estrutura e a responsabilidade de
identificar problemas, trazer soluções e propor medidas inovadoras. O
presidente é o maestro da orquestra. Dilma não montou um Ministério com essa
incumbência. Por vontade própria, tornou-se um maestro sem orquestra, refém do
PMDB.
Além
disso, o presidente necessita de “operadores” – pessoas de sua estrita
confiança incumbidos de fazer valer as ordens nos diversos nichos de poder:
Ministérios, autarquias, instituições públicas etc. Também não dispõe desses
quadros. É muito desconfiada para conferir esse poder a terceiros.
Lula
tinha vários “operadores”: Antônio Pallocci junto ao setor privado, Gilberto
Carvalho junto aos movimentos sociais, José Dirceu junto aos diversos segmentos
de poder (embora muitas vezes corresse em raia própria), tinha a confiança de
dirigentes de fundos de pensão e de bancos públicos e o próprio CDES para
contato direto com a chamada sociedade civil organizada.
Além
disso, mantinha ministros de peso sendo interlocutores de seus setores – como
Luiz Furlan, no MDIC, Roberto Rodrigues na Agricultura, Gilberto Gil/Juca na
Cultura, Nelson Jobim na Defesa; Márcio Thomaz Bastos na Justiça; Fernando
Haddad na Educação; Celso Amorim nas Relações Exteriores.
Todos
com capacidade de formulação e poder de decisão garantido pelo presidente. Ou
seja, cada ministro era a expressão do poder do presidente. Quando o poder é
claro, torna-se o imã que atrai todas as demandas e expectativas. E o
presidente torna-se um mediador de conflitos.
Por
falta de experiência com o cargo e com a política, Dilma não soube montar essa
estrutura nem deu liberdade para seus ministros montarem as suas. Ou seja, o
poder presidencial não chega na ponta. Some-se a uma política econômica
errática e com parcos resultados e se terá a explicação para o desgaste atual
do governo. De qualquer modo, Dilma está na situação do time de futebol que
depende apenas dos seus resultados para vencer o grande desafio que se abre
pela frente com um governo extremamente desgastado, sem a menor credibilidade e
com uma crise que se agrava pelo componente econômico.
AÉCIO NA CABEÇA– O desgaste do Governo Dilma atinge
por tabela o ex-presidente Lula, que está de olho no Palácio do Planalto nas
eleições de 2018. Se a sucessão presidencial fosse hoje, o petista perdia a
eleição para Aécio Neves. Pesquisa do Instituto Paraná aponta que o tucano
teria em média 38% dos votos. Marina (Rede) teria cerca de 26% e os petistas
Lula e Dilma em torno de 18% e de 16%, um quadro bastante adverso.
MENDONÇA NO SENADO – No comentário desta coluna de
ontem, antecipando a disputa para o Senado, omitimos o nome de Mendonça Filho,
alternativa do DEM. Como existe uma possibilidade real de o Democrata se fundir
ao PTB, o parlamentar, que hoje lidera o seu partido na Câmara dos Deputados,
trairia a legenda trabalhista, hoje sob o comando de Armando Monteiro, para a
Frente Popular, com chances de ser um dos escolhidos na chapa majoritária.
DISTRITÃO
REGIONALIZADO–
Diante da inviabilidade de aprovar o voto distrital misto, o PSDB se prepara
para propor a adoção do distrital regionalizado. Esse movimento está sendo
interpretado como uma transição antes do partido fechar com o projeto do
distritão. Para evitar a aprovação combinada do fim das coligações nos pleitos
proporcionais e da cláusula de barreira, os deputados do PCdoB avaliam apoiar a
adoção do distritão.
MEGA ESCÂNDALO - O grupo Gerdau, do empresário
Jorge Gerdau, foi apontado pela Polícia Federal como o responsável pela maior
propina descoberta na Operação Zelotes, ação que descobriu um esquema de
pagamento de comissões para atenuar junto ao Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais multas impostas pela Receita Federal. No caso da Gerdau, trata-se de
uma comissão de R$ 50 milhões para aliviar uma condenação fiscal de R$ 4
bilhões.
CHEGANDO AO AGRESTE– O governador Paulo Câmara, que
passa o feriadão da Semana Santa em Gravatá, retoma a programação do seminário
“Todos por Pernambuco” na próxima quinta-feira por Surubim, seguindo na sexta
para Garanhuns e no sábado Caruaru. Cumpre, assim, a primeira etapa do Agreste
depois de percorrer todas as regiões do Sertão.
CURTAS
MEDICINA– Salgueiro, Araripina e Arcoverde
são os municípios do Interior pernambucano pré-selecionados pelo Ministério da
Educação em oito Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste para receber novos
cursos de Medicina em instituições particulares por meio do programa Mais
Médicos.
REPROVADO– A popularidade do governador do
Paraná, Beto Richa (PSDB), está mais baixa que a da presidenta Dilma (PT). A
revelação é do instituto Paraná Pesquisas, que fez sondagem exclusiva para a
revista Época. Segundo o levantamento, 76% dos eleitores do Paraná afirmaram
desaprovar a administração do governador tucano.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Lula vai conseguir a cabeça de
Mercadante?
"As riquezas
granjeiam muitos amigos, mas ao pobre, o seu próprio amigo o deixa". ( Provérbios
19-4)
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